sexta-feira, 29 de julho de 2011

Natal x Springfield

Apesar de situada nos Estados Unidos, Springfield é uma sátira bem pertinente das sociedades ocidentais em geral, assim como a sociedade natalense. No entanto, chegamos a um ponto em que mais parece que Natal é uma sátira de Springfield, uma sátira da sátira. Eis que eu explico meu pensamento:

A começar pelo caricato prefeito Quimby, que, apesar de corrupto, incompetente, demagogo, e envolvido nos escândalos mais bizarros, consegue, às turras, manter os serviços básicos da cidade a funcionar (o que não faz disto um mérito). O prefeito Quimby consegue ser igualmente patético à nossa prefeita atual, sendo que, mesmo representando o estereótipo do mau político, consegue superar nossa prefeita em matéria de "administração".

Em relação à saúde e educação, em Springfield, apesar de um médico demasiadamente sarcástico e inconveniente, como o Dr. Hibbert, e educadores caretas e desmotivados como Skinner e Edna Krabappel, a educação de Springfield funciona, mesmo que aos trancos e barrancos, assim como a saúde. Ao contrário de natal, onde a saúde está sucateada, sem utensílios básicos, e a educação está caótica, onde até a merenda escolar é estragada.

Tendo na figura de Kent Brockman o símbolo da mídia jornalistica, fica difícil não associá-lo às mídias comerciais que tratam a (des)informação como mercadoria, que será posta à venda, ou não, de acordo com os interesses político-econômicos do meio, que, de modo geral, não são os mesmos do povo, assim como acontece no caso de Natal. Entretanto, até mesmo o jornalista Kent Brockman já foi capaz de bater de frente com o prefeito corrupto Quimby, ou até o poderoso Burns, o que não é visto nos meios de comunicação do RN, que apesar de serem propriedade privada (apesar de serem uma CONCESSÃO PÚBLICA) de coronéis, que supostamente são rivais políticos, apresentam um caráter extremamente corporativista, havendo meio que uma proteção mútua entre eles, até porque, tais coronéis representam o mesmo grupo político e econômico, o mesmo modelo ultrapassado de se fazer política.

Por fim, temos o capitalista cruel chamado Montgomery Burns, dono de uma usina nuclear, que não hesita em soltar seus cachorros contra quem o incomodar. Seguindo o paradigma do grande empresário, Burns explora seus empregados, e sua usina se configura como um risco ao meio que a cerca. Em Natal, os "Burns" seriam os donos de construtoras e de empresas de ônibus, que maltratam a cidade com a especulação imobiliária e com as altas tarifas de transporte, além de nutrirem uma relação sórdida com os grupos políticos que dominam a cidade, e com os meios de comunicação, prática essa, que se fossem sugeridas ao Burns, provavelmente faria com que ele soltasse seu bordão "excellent..."

Assistir e analisar os Simpsons possibilita um olhar para dentro da nossa sociedade e, em muitos casos, constatar que vivemos numa sociedade que parece se configurar como uma sátira da sátira.

3 comentários:

D1 disse...

interessante...

será que essa situação um dia irá mudar?
ultimamente, acredito que não... acho que nosso planeta tende ao caos (infelizmente)

como te perguntei outro dia, sabe uma pessoa que perdeu a fé (no mundo)? sou eu tb.

só um milagre, ou uma GRANDE IDÉIA/revolução pra reverter esse quadro...

Leonardo disse...

É, ultimamente também estou com esse mesmo pensamento, que diga-se de passagem, se permear demais nossa mente, nos levará a uma depressão terrível.

"êta mundo bão... de acabar".

Maria Izabel disse...

E eu que sou natalense e acho Springfield uma cidade engraçada.