segunda-feira, 8 de outubro de 2012

eleições 2012

Passada a depressão inicial pós resultado das eleições, vamos dar uma analisada sobre quais indicativos temos com esse pleito.

Começando pelo prefeito, lamentavelmente teremos duas chapas dos Alves no segundo turno. A chapa do lado do Agnelo, representado por seu filho, Carlos Alves, e a chapa do Henrique e Garibaldi, que tem o Hermano. Infelizmente a cidade ainda não se tocou em relação ao que representa uma oligarquia, mas isso é algo para ser trabalhado pedagogicamente daqui pra frente. Mineiro quase chegou lá, derrubando de vez a credibilidade dos institutos de pesquisa. Não votaria nele pelas práticas petistas, mas creio que sua votação representa um avanço da mentalidade da cidade. Quanto ao Robério, há poucos meses ele era um desconhecido, e conseguiu quase 4%, uma vitória, ainda mais se tivermos em conta que não gastamos nem 20 mil reais na campanha, enquanto Rogério Marinho gastou pra lá de milhão e teve por volta dos 10% dos votos. Robério mostrou uma nova forma de fazer política, que espero que em breve se sobreponha à velha política.

Quanto aos vereadores, o baque foi mais forte: impactados reeleitos (Adão Eridan, Aquino Neto e Julio Protásio), filho de impactado (Dickson Nasser Jr.), turma da prefeita Micarla (Chagas Catarino, Albert Dickson, o vice prefeito Paulinho Freire, Bispo Francisco de Assis, Franklin Capistrano, Luiz Almir e Maurício Gurgel) e ainda tem os playboys fabricados (Rafael Motta filho de Ricardo Motta presidente da Assembleia Legislativa, Ubaldo Fernandes, Bertone Marinho, Felipe ALVES e Jacó Jácome). Resumindo, a Câmara Municipal continuará uma porcaria, com o agravante que agora teremos mais vereadores.

O lado positivo foi a eleição recorde de Amanda Gurgel, com mais de 30 mil votos, o que fez com que entrassem mais dois vereadores da Frente de Esquerda (Sandro Pimentel e Marcos do PSOL), nisso, já lamento a não entrada de Santino no lugar do Marcos. No entanto, essa votação deixa claro um avanço de consciência do povo, um desejo de mudança. O PT colocou dois vereadores, mas infelizmente Rodrigo Bico não entrou por pouco, creio que ele lá faria melhor do que os que entraram. Foi uma campanha bonita, limpa e empolgante, até mesmo para quem não vota mais no PT.
Além disso, podemos "comemorar" a não eleição de Assis Oliveira, Enildo Alves (o babão da prefeita picareta), Ney Lopes Júnior, Edivan Martins (ex presidente da Câmara, braço de Micarla, e traidor do #ForaMicarla), e do ex-deputado estadual Cláudio Porpino.

Um dado importante para levarmos em conta, é o de Amanda Gurgel ter recebido a maior parte dos votos na Zona Norte, tendo perdido apenas em Petrópolis para Ubaldo Fernandes. Em Tirol e Petrópolis e nos demais bairros mais abastados, os impactados ganharam, e Hermano Morais se sobressaiu a Mineiro. É preciso que enterremos esse mito de que o pobre que vota errado. Ele também vota, mas as elites econômicas de Natal são ainda piores, e não param de promover desastres eleitorais, mesmo tendo acesso a uma educação melhor. Alienação ou cumplicidade?

Por fim, que o #ForaMicarla tenha deixado um aprendizado, o caminho da Câmara nós já sabemos, e como disse Robério: "nossos sonhos, nossos lindos sonhos não cabem numa urna", e não cabem mesmo, portanto a vitória tem que vir nas ruas, pois só nas ruas derrubaremos as oligarquias e os que se valem de um mandato para jogar contra o povo, a favor dos interesses burgueses.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

porque ainda prefiro o chapolin

Há alguns dias estava distraído em casa, quando comecei a zapear, e me deparei com o filme do Homem de Ferro (acho que o 2), um dos meus super heróis de infância favorito, então, parei para assistir um pouco. Vi que se tratava de mais um filme de heróis altruístas, um sujeito riquíssimo que simplesmente decidiu salvar o mundo, sozinho, como todo filme de herói americano. Uma mensagem clara de individualismo, e de que alguém teoricamente superior a você, surgirá para salvá-lo.

Aí hoje, conversando com meu amigo João, chegamos nesse assunto, e seguimos falando dos demais heróis.

A mesma lógica do Homem de Ferro, é a do Batman. Homem riquíssimo, e pelos vistos também altruísta, que ao invés de ir viver seu romance com o Robin, ou com a Mulher Gato, sei lá, decide salvar Gotham City. O Batman também é sempre um bonitão, enquanto seus inimigos são feiosos. Os feios não podem ser bons....

Já o Super Homem, e o Homem Aranha (este foi o herói favorito da minha infância), além de viverem às voltas com suas amadas (porque as mulheres sempre aparecem para emperrar a vida do herói?), carregam em suas vestimentas uma mensagem nacionalista clara, afinal, nunca vi uma aranha com as cores da bandeira americana. Ambos são jornalistas, ambos foram criados por volta da década de 30 (me corrijam se eu estiver errado), época que o jornal impresso era fortíssimo, tentativa clara de colocar a mídia e seus profissionais no pedestal, com uma áurea de confiabilidade e heroísmo.

Nesse bonde, não sei porque chegamos ao He-Man, herói também altruísta, juntamente com toda a família real de Eternia, da qual faz parte (alô oligarquia). Assim como quase todos os heróis, ele atende a um padrão de beleza bem específico, assim como o resto da família real, em detrimento dos vilões, que não agradam visualmente. O mais sinistro desse herói, é o fato do POVO de Eternia simplesmente não aparecer durante o desenho, exceto no fim, para aplaudir a bondade da família real branca e atlética.

Podíamos ter falado sobre mais heróis, mas acabamos chegando no Chapolin Colorado. O aparentemente mais bobo, mas que para nós é o melhor. Além de latino, como nós, não atende a padrões de beleza, é baixinho e sua beleza externa não é daquelas que estampa capas de revista. E o melhor dele, por mais atrapalhado que seja, sempre, bem ou mal, acaba resolvendo o problema, e ao contrário dos demais, SEMPRE com a ajuda e a participação de todos. Coletividade, sempre!

Sigam-me os bons!

segunda-feira, 11 de junho de 2012

vem em mim Dodge Ram

Dia desses, ouvindo rádio, tocou uma "música" de um tal de Gustavo Lima e, de tão grotesca (como todas dessa leva "musical") fiquei na dúvida se era uma zoação, ou uma peça publicitária de muito mal gosto.
Ontem voltei a ouvi-la na rádio, por mais de uma vez. E ouvindo-a à exaustão, podemos aprender várias coisas...

Vem Em Mim Dodge Ram
Gusttavo Lima


O título da música já deixa explícito que se trata de mais um culto ao deus-carro, que obrigatoriamente tem que ser grande e imponente. Só me pergunto se esses caras ganham $ das montadoras ou se trata apenas de imbecilidade e propaganda gratuita.


[...]

Já não faz muito tempo, 
Que eu andava a pé, 
não pegava nem gripe 
muito menos mulher

Traduzindo: para pegar mulher, precisamos do deus-carro. Mulheres são todas "Maria Gasolina".

[...]

Quem não tem dinheiro é primo primeiro de um cachorro 
O trem era tão feio que nem sobrava osso pra mim 
Agora eu to mudado
O meu bolso tá cheio 
Mulherada atrás 
Eu quero ouvir cada vez mais

[...] 
Quem não tem dinheiro (o pobre) é primo primeiro de um cachorro. Interessante essa mensagem sendo difundida via rádio, não? Deve ser gostosa a sensação de ser humilde, e escutar por um dos seus principais meios de comunicação que sua condição socioeconômica o iguala a um cão.
Depois, novamente a idéia de que, com dinheiro, você terá mulheres. Afinal, com dinheiro temos todo tipo de mercadoria, não é mesmo? Que lástima!

Depois disso, é só refrão, para legitimar o quão inócua é essa "música":
Vem em mim Dodge RAM
 Focker duzentos e oitenta, 
a mulherada louca 
Israel Novaes arrebenta!

Porra é isso?

Lembrando só que esse carro é absurdamente imenso, quase um caminhão. Virou quase uma competição entre esse tipo de sujeito, para ver quem ocupa mais espaço nas ruas. E depois essa mesma galera diz que esse tipo de música é "só para dançar", ou "só para tirar onda". Vai vendo...
Se esse pensamento expresso na música, profundo como uma poça de cuspe não fosse tão reproduzido, eu poderia até levar na esportiva, como não, acho que precisamos ficar atento ao que é difundido pelos meios de comunicação, e reproduzido por seus consumidores passivos.
No meu entendimento, só acho que antes de levantarem bandeiras de censura, precisamos urgentemente repensar que modelo de sociedade e de escola que nós temos, que forma, quase que em série, ávidos consumidores dessa dita "cultura".


quarta-feira, 6 de junho de 2012

é preciso lembrar!

"Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte. O combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser. Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, historicamente, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública, existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico que leva ao cruzamento dos braços. "Não há o que fazer" é o discurso acomodado que não podemos aceitar."

- Paulo Freire. Do Livro Pedagogia da Autonomia, lançado em 1997, três semanas antes de seu falecimento.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quanto vale a sua dignidade?

Hoje, em entre o IFRN e o Midway, estava marcado um ato para reunir diversas lutas: contra o aumento da passagem de ônibus, contra os empresários que monopolizam o transporte público, e pelo #VetaDilma, contra o novo código ruralista florestal.

 Preparei um cartaz contra os empresários, contra a tarifa abusiva e pedindo mais opções de transporte público, nada mais. Chegando no lugar marcado, tinha uma aglomeração de cargos comi$$ionados da prefeita Micarla Picareta.

Não quero aqui comentar o ato, que teve seus méritos e suas falhas. Quero apenas expressar o quanto fiquei incrédulo diante da situação. Figuras marcadas, a mesma senhora que ano passado tomou bandeiras contra Micarla no 2o grande ato do movimento, e mais uma dúzia de babões e comi$$ionados desesperados por um extra no fim do mês.

Tem gente que diz que todo mundo tem um preço. Eu discordo, acredito que muitos não se vendem, outros, se vendem, mas por um preço bem elevado, e temos esses, que se vendem por uma mixaria. Sujeitos cuja dignidade tem seu preço estampado no contracheque. Bate uma grande descrença quanto à humanidade, quando se vê tantas pessoas exaltando uma prefeita corrupta, rejeitada, e a agredir, ofender quem é contra ela, tudo por uns trocados.

Começo realmente a pensar se eu não sou um iludido, e de fato, a humanidade não vale mais que isso.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Não deixem de ouvir rádio!

Cada vez mais, estou andando menos de carro.
Diante de um trânsito que a cada dia fica mais caótico, pois o natalense passou a acreditar que não se pode viver sem carro, além de meus problemas crônicos nos joelhos, tive que buscar uma alternativa de transporte, que encontrei na bicicleta. Nosso transporte público é vergonhoso, quando não inexistente (trens, onde?), mas não podemos usar isso como álibi, para virar a cara para o problema, adquirindo um carro, pois nem todos podem comprar um carro, tampouco a cidade e o meio ambiente aguentariam a demanda de ricos insanos por um veículo motorizado.

Mas bem, não é sobre isso que quero falar. Como disse, tenho andado muito pouco de carro, mas sempre que ando, venho escutando a rádio. As gerações mais novas, mais ligadas à tv e à internet (agora existem os iboys, os indivíduos que se desconectam do mundo quando estão com seus celulares nas mãos) acreditam que quase ninguém ouve rádio, muitos inclusive, desconhecem a importância histórica do rádio.

Como todo meio de comunicação, é importante que tenhamos sobre ele um olhar crítico, para que possamos compreender algumas de suas consequências. Com a grande influência da tv em nossa sociedade, aliada à popularização da internet, debates sobre o conteúdo televisivo tornaram-se mais corriqueiros na rede. No entanto, a rádio ainda é um pouco esquecida.

Precisamos lembrar que a rádio ainda exerce uma influência forte em nossa sociedade, principalmente nas classes menos favorecidas. Uma pesquisa feita por mim, mas que qualquer um pode constatar, me revelou que empregadas domésticas, caminhoneiros, operários e taxistas (este último eu suponho) ouvem muito rádio durante o trabalho. E o conteúdo que essas pessoas recebem é parecido com o conteúdo da grande e velha mídia televisiva. Nossos meios de comunicação foram loteados e entregues para uma série de figuras, que pouco têm a contribuir com a construção de uma democracia cada vez mais próxima do real conceito de democracia.

Não é a toa que é crescente a quantidade de rádios evangélicas. Enquanto o trabalhador exerce sua função, é cooptado por uma instituição através das ondas de rádio.

Hoje, ouvindo a rádio, coloquei na 94fm, a Rádio Cidade do RN. Logo que coloquei, Alexandre Garcia começou a falar. Falou de um ranking de presidentes de empresas sulamericanas feito a partir do ano de 95. Boa parte eram brasileiros (curiosamente, só presidentes de empresas privatizadas, como a CSN, Vale...), e logo em seguida, Alexandre Garcia disse que eram poucos os argentinos no ranking, segundo ele "em decorrência da bagunça causada pelo casal Kirchner, e em seguida comentou sobre a estatização da petroleira YPF, dizendo que "Como um Evo Morales, Cristina Kirchner estatizou a petroleira, trocando inclusive os seguranças".

Para essa mídia raivosa, se não for privado, não presta. Estado mínimo já! America do Sul subserviente ao Tio Sam já! É imprescindível refletirmos sobre as mensagens midiáticas que recebemos, a quem essas mensagens interessam, e se esse interesse também é comungado pelo povo.

Fica cada vez mais explicita a necessidade da Ley de Medios.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Em Natal, não dá pra ser cidadão

De modo geral, o cidadão, genuinamente falando, se aborrece, ou se inquieta quando fica diante de irregularidades em seu meio. Quando esse cidadão se depara com essas situações, ele mesmo tenta fazer algo, ou busca os órgãos responsáveis.

Em Natal, buscar órgãos competentes é bastante complicado, primeiramente, porque são raros, ainda mais durante a aberração eleitoral chamada "Administração Micarla de Sousa", em segundo lugar, porque as dificuldades de buscar esses órgãos, muitas vezes são imensas. Em Natal, temos o exemplo dos "buracos de Natal", que diante de uma postura incompetente e inerte dos órgãos responsáveis, muitos moradores tiveram, eles mesmos, que tapar os buracos de suas ruas.

Há várias semanas, na Rua Professor Manoel Vilar, a rua que fica ao lado da Fiat Pontanegra, que desemboca na Avenida Roberto Freire, venho presenciando, nos horários de pico que, simplesmente, os motoristas não respeitam a mão dupla da rua. Seria digno, heróico e até emocionante, se tamanha pressa, que leva os motoristas a cometerem uma infração tão grave e perigosa, fosse para salvar o mundo, mas não é. Trata-se de um espírito egoísta e corrupto.

Já presenciei cenas absurdas, por exemplo, quando um ônibus no sentido normal quase bateu de frente com um carro de passeio, que vinha na contra mão. Hoje, voltou a acontecer, tive que pegar tal rua, e mais uma vez, tive raiva. Um taxi que pegou a contra mão, parou ao meu lado, aproveitei o vidro aberto do taxista apressado, e perguntei se ele não sabia que era contra mão. Ele disse, ironicamente, que não. Falei, também ironicamente, ser bela a pressa dele para salvar o mundo.

Desde que comecei a presenciar essas cenas, tentei fazer a denúncia na página da prefeitura (http://www.natal.rn.gov.br/ouvidoria/), em vão, pois o site dizia que meu e-mail é inválido, talvez só se for para essa página, ou para esse fim. Durante esse tempo, tentava ligar para o número que consta nos carros da SEMOB - 156 - e foi sempre em vão. Hoje resolvi ligar para a polícia, e quando informei ao policial que tentei contato pelo 156, ele riu, disse que esse telefone não funciona, e me passou o número 3232-9144. Feliz, resolvi ligar achando que ajudaria a resolver o problema, mas às 18:20, ninguém atendeu. Provavelmente porque a partir das 18 horas o trânsito de Natal não exija maiores cuidados.

Em Natal, não dá pra ser cidadão.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Não valemos nada.

Sim, não valemos nada. Não importa o quanto trabalhamos, o quanto estudamos, e o quanto lutamos por uma sociedade mais democrática, se carregamos conosco um estigma que nos marginaliza, seremos sempre uns vagabundos, uns merdas, a vergonha da família, e alvo de ódio, calúnias e dos olhares da censura. Todas nossas virtudes, todo nosso suor é deixado em segundo plano, todas nossas qualidades se perdem em meio ao discurso opressor.

Não valemos nada. Podemos, na medida do possível, ser o melhor filho, um parente amável, ou um excelente colega de trabalho, se não seguimos o fluxo, se não formos sujeitos inofensivos, seremos execrados, alvo de escárnio, e nossas idéias, coitadas, se tornam inaudíveis e invisíveis. Nossos defeitos se tornam monstruosamente grandes diante de nossas qualidades, nos atribuem rótulos, seja de "bicha", "comunista" ou "drogado", e não importa o que façamos, seremos apenas isso.

Não quero aqui dizer o que devemos fazer, mas creio que só temos duas opções: agüentar a opressão em silêncio, sofrendo, ou dar a cara a tapa e encarar os opressores. Minhas bochechas já estão coradas, mas acredito ser a melhor opção quando se busca a liberdade de corpo e alma.

Pelo direito de fazermos o que quisermos com nossos corpos.

terça-feira, 13 de março de 2012

algumas reflexões em torno do ato de pedalar

Decidi organizar esses pensamentos vagos após dar algumas pedaladas, e ao longo do caminho, refletir sobre o que eu ia vendo e vivendo. É importante refletirmos sobre nossas ações, por mais banais que pareçam, para que não cairmos num lugar comum, apenas reproduzindo práticas sem refletir minimamente sobre elas. Acredito que a maioria dos ciclistas já devem ter pensado sobre isso, mas como o blog é meu, postarei assim mesmo (hahaha).

1- O ciclista por si só já é um agente multiplicador, na medida em que pedala por aí e é visto. A "militância ativa e muda" causa impacto, e leva algumas pessoas a pensar em adotar a bicicleta, seja como lazer, seja como meio de transporte propriamente dito.

2- Um dos nossos vários inimigos, além dos buracos nas ruas (gestão Micarla de Sousa), são os grandes desníveis entre as calçadas, ou então um meio fio que mais parece uma parede de tão alto. É importante tocar nesse assunto, uma vez que o assunto da vez é "mobilidade urbana", e nossas calçadas se encontram desta maneira. Se para nós, ciclistas, essa barreira já incomoda, não é difícil imaginar que causa muito mais transtorno a um cadeirante, ou um idoso, por exemplo.

3- De oprimido, a opressor: infelizmente uma parte considerável das motos não nos respeitam. Quando o oprimido passa a ser opressor, ele tende a ser ainda mais sádico do que seu antigo opressor, e alguns motoqueiros parecem não lembrar a violência que sofrem dos carros, e reproduzem o terror contra os ciclistas. O mesmo pensamento deve guiar os ciclistas. Muitos trafegam pelas calçadas (visto que não existem ciclovias na cidade), e precisam ser sensíveis aos pedestres, que não podem ter seu espaço violado.

4- Além de respeitar a distância de 1,5 metro do ciclista, os motoristas de carros (também de motos e veículos maiores), precisam lembrar de usar a sinalização, em especial a seta, ou sinaleira, como prefiram. A comunicação no trânsito fica comprometida a partir do momento que instrumentos de comunicação não são usados, e quem sofre são os menores: ciclistas e pedestres.

5- Como dito anteriormente, "obras de mobilidade" virou um assunto em pauta na cidade devido à Copa do Mundo 2014. É importante que não só ciclistas, mas toda a população reivindique a presença de ciclovias na cudade, visando promover realmente uma "mobilidade social", e incentivar o hábito saudável de pedalar.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Natal e os excessos

Acabei de chegar da rua, e está calor em excesso. Uma espécie de treinamento para aguentar queimar durante a eternidade no fogo do inferno. Além de um sol de lascar, há prédios em excesso (a especulação imobiliária manda em excesso na cidade, não é mesmo srs. vereadores?), o que faz com que o ar circule muito pouco, e a sensação térmica beire o insuportável.

Há também carros em excesso, apesar da cidade ser relativamente pequena, e tudo ser relativamente perto. O carro em Natal virou objeto de gozo, como se só pudesse ser feliz, possuindo um, e de preferência novo, caro e imenso, para desfilar perante os demais boçais. Se por um lado temos carros em excesso, não temos vias espaçosas, tampouco ciclovias. As obras de mobilidade sequer começaram, além do que, tocadas por incompetentes, temo pelo pior. Já as ciclovias, não são prioridade para essa gente que não abre mão de sua Land Rover.

Aliado ao calor infernal, prédios por todos os lados e o trânsito caótico, vemos os serviços básicos sucateados, nosso principal problema. Saúde, educação e segurança com suas fragilidades escancaradas, o que escancara na verdade, a incompetência e a "má vontade", em excesso, de nossos gestores.

Sendo assim, famílias são mandadas para longe pela especulação imobiliária (com total benevolência dos nossos políticos, como já dito anteriormente), para construirem prédios imensos que prejudicarão a circulação do ar da cidade. Já as famílias mandadas para longe, para zonas mais periféricas, possuem acesso muito limitado à saúde, educação, cultura e lazer, pois infelizmente, essas não são as prioridades dos governos atuais e passados. Concluindo, entendo que seja essa a fórmula do caos que está sendo gerado na cidade, que só será solucionado se o nosso quadro social for revertido. Não acredito que a solução seja colocar policias em excesso nas ruas.