segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um fim de ano um tanto difícil.

Em minha avaliação, o primeiro semestre de 2011 foi muito bom. Muitas conquistas, muitas vitórias! Me formei, fui contratado, o #ForaMicarla estava a todo vapor e... veio o segundo semestre, que eu não tinha idéia do quão desastroso seria.

Logo no início de Agosto (mês do desgosto), voltei a lesionar meu joelho com gravidade. Novamente jogando futebol, rompi os ligamentos do joelho esquerdo, numa tarde de domingo chuvosa. Passei uma semana afastado do trabalho sem conseguir andar, e passei meu aniversário deitado na cama reclamando de dores. Na semana seguinte, voltei a trabalhar, mesmo que cheio de dores, e assim fui levando.

Adiei ao máximo minha cirurgia para não deixar um buraco na coordenação educacional da escola onde trabalhava, o que resultou em trabalhar muitas vezes cheio de dores, câimbras, espasmos e lesões musculares.

As lutas não pararam, apesar de não mostrarem a força d'antes. Fomos algumas vezes à Câmara Municipal fiscalizar o andamento da CEI dos Contratos, e mostrar que não esquecemos o que nossos vereadores fizeram na gestão passada (Operação Impacto), mas infelizmente, nos deparamos com a casa do povo, fechada para o povo. Me revoltei com a situação, com a tentativa de intimidação que rolou dentro da casa (fui fotografado, e escutei que queriam meu endereço para me processarem), e externei minha raiva no twitter, sem saber que isso me geraria mais problemas.

O final do ano foi se aproximando, e meu médico me ligou com a última data viável para minha cirurgia. O fim do ano se aproximava, e os alunos aprovados por média já estavam de férias. Informei à escola da cirurgia, que disse não ter problemas, que era só levar o atestado (acredito que isso foi numa terça feira).

Numa sexta feira, acordei e fui ao computador ver umas coisas, e logo cedo aquela sexta feira mostrou que seria dura comigo. Recebi a informação que a prova do concurso para professor que fiz seria anulada caso eu tivesse feito a redação com caneta azul (e eu acho que fiz). Mais tarde, no trabalho, fui demitido. Respirei fundo e continuei.

Quatro dias depois, na terça, operei meu joelho. Cirurgia marcada para as 9 da manhã, mas só fui fazê-la às 16h, e o tempo de espera aguardei no hospital, em jejum. A cirurgia foi menos dolorosa que a primeira, mas era algo que eu não queria ter que passar novamente. Muita dor física e psicológica.

Durante minha recuperação, descubro que estou sendo processado por um vereador réu num escândalo de corrupção, e o mesmo quer de mim 21 mil reais. Na minha opinião, o que motivou o processo não foram minhas palavras no twitter, mas sim o fato de eu ter metido o dedo na ferida dele (Operação Impacto). Para mim, mais uma tentativa de perseguir e silenciar integrantes de movimentos sociais.

No mais, que 2012 seja um grande ano para mim, para os meus próximos, conhecidos e para a cidade de Natal.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Vai em paz, dr. Sócrates!

Em 1983, como uma espécie de profecia, Sócrates Brasileiro, ou para muitos, apenas Dr. Sócrates, ou "Magrão", disse que queria morrer num domingo, com o Corinthians se sagrando campeão. Assim, parecendo traçar seu destino glorioso, Sócrates faleceu logo no início desse domingo (4), véspera da decisão do Campeonato Brasileiro, que deu Corinthians, como ele queria.

Sócrates foi mais que um grande jogador de futebol. Não conseguiu ser campeão do mundo pela magnífica seleção de 82, ou campeão brasileiro pelo Corinthians, mas mesmo assim, é um gigante da história do nosso futebol. Sócrates surgiu no Botafogo de Ribeirão Preto (SP), e muitos diziam que ele não tinha futuro no esporte, pois não tinha tempo para treinar por cursar faculdade de Medicina. Entretanto, ele contrariou a todos, pois nasceu com o dom, e além de um grande jogador, foi um intelectual, um militante político de esquerda, um pensador.

Além das belas jogadas, Sócrates se destacou por liderar, nos tempos da ditadura militar, um movimento revolucionário no Corinthians, que veio a se chamar "A Democracia Corinthiana". O movimento consistia na tomada de poder das decisões do clube por parte dos jogadores, de forma democrática. Além da Democracia Corinthiana, Sócrates se engajou no movimento Diretas Já, que reivindicava eleições presidenciais diretas.

O futebol no Brasil e no mundo continua sendo o esporte com maior apelo. Os jogadores cada vez mais são elevados a status de mega estrelas, só que ao contrário de Sócrates (que também foi uma exceção), esses jogadores não usam seu poder midiático para causas realmente importantes (como a luta pela democracia, por exemplo), mas sim, para lançar penteados, participar de campanhas publicitárias, ou lançar polêmicas fúteis. Fica a reflexão de quais referenciais de atleta e de humano a juventude de hoje tem, quais valores e atitudes são exaltados, e consequentemente, quais valores e atitudes são reproduzidos pelas gerações mais novas.

Futebol e política estão - apesar de não parecer - extremamente ligados, infelizmente, essa relação só é mais perceptível nos bastidores, entre a "cartolagem" (Copa 2014 e a relação FIFA, CBF e Governo Federal é um exemplo crasso), cabendo aos jogadores apenas o papel de "peão", completamente submisso ao poder (exemplo disso é o ex-jogador Ronaldo, que mesmo rico e influente, aceitou fazer parte do comitê organizador da Copa, com uma missão clara de "blindar" o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, alvo de denúncias de corrupção).

Sócrates ia contra tudo isso, pois nunca baixou a cabeça para poderosos, tendo inclusive se manifestado contra um regime ditatorial. Sócrates podia não ser um exemplo de atleta, pois bebia bastante, mas era um exemplo de cidadão, exemplo esse que tanto nos falta hoje em dia. É, o "Doutor da bola" vai fazer falta...