segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Um fim de ano um tanto difícil.

Em minha avaliação, o primeiro semestre de 2011 foi muito bom. Muitas conquistas, muitas vitórias! Me formei, fui contratado, o #ForaMicarla estava a todo vapor e... veio o segundo semestre, que eu não tinha idéia do quão desastroso seria.

Logo no início de Agosto (mês do desgosto), voltei a lesionar meu joelho com gravidade. Novamente jogando futebol, rompi os ligamentos do joelho esquerdo, numa tarde de domingo chuvosa. Passei uma semana afastado do trabalho sem conseguir andar, e passei meu aniversário deitado na cama reclamando de dores. Na semana seguinte, voltei a trabalhar, mesmo que cheio de dores, e assim fui levando.

Adiei ao máximo minha cirurgia para não deixar um buraco na coordenação educacional da escola onde trabalhava, o que resultou em trabalhar muitas vezes cheio de dores, câimbras, espasmos e lesões musculares.

As lutas não pararam, apesar de não mostrarem a força d'antes. Fomos algumas vezes à Câmara Municipal fiscalizar o andamento da CEI dos Contratos, e mostrar que não esquecemos o que nossos vereadores fizeram na gestão passada (Operação Impacto), mas infelizmente, nos deparamos com a casa do povo, fechada para o povo. Me revoltei com a situação, com a tentativa de intimidação que rolou dentro da casa (fui fotografado, e escutei que queriam meu endereço para me processarem), e externei minha raiva no twitter, sem saber que isso me geraria mais problemas.

O final do ano foi se aproximando, e meu médico me ligou com a última data viável para minha cirurgia. O fim do ano se aproximava, e os alunos aprovados por média já estavam de férias. Informei à escola da cirurgia, que disse não ter problemas, que era só levar o atestado (acredito que isso foi numa terça feira).

Numa sexta feira, acordei e fui ao computador ver umas coisas, e logo cedo aquela sexta feira mostrou que seria dura comigo. Recebi a informação que a prova do concurso para professor que fiz seria anulada caso eu tivesse feito a redação com caneta azul (e eu acho que fiz). Mais tarde, no trabalho, fui demitido. Respirei fundo e continuei.

Quatro dias depois, na terça, operei meu joelho. Cirurgia marcada para as 9 da manhã, mas só fui fazê-la às 16h, e o tempo de espera aguardei no hospital, em jejum. A cirurgia foi menos dolorosa que a primeira, mas era algo que eu não queria ter que passar novamente. Muita dor física e psicológica.

Durante minha recuperação, descubro que estou sendo processado por um vereador réu num escândalo de corrupção, e o mesmo quer de mim 21 mil reais. Na minha opinião, o que motivou o processo não foram minhas palavras no twitter, mas sim o fato de eu ter metido o dedo na ferida dele (Operação Impacto). Para mim, mais uma tentativa de perseguir e silenciar integrantes de movimentos sociais.

No mais, que 2012 seja um grande ano para mim, para os meus próximos, conhecidos e para a cidade de Natal.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Vai em paz, dr. Sócrates!

Em 1983, como uma espécie de profecia, Sócrates Brasileiro, ou para muitos, apenas Dr. Sócrates, ou "Magrão", disse que queria morrer num domingo, com o Corinthians se sagrando campeão. Assim, parecendo traçar seu destino glorioso, Sócrates faleceu logo no início desse domingo (4), véspera da decisão do Campeonato Brasileiro, que deu Corinthians, como ele queria.

Sócrates foi mais que um grande jogador de futebol. Não conseguiu ser campeão do mundo pela magnífica seleção de 82, ou campeão brasileiro pelo Corinthians, mas mesmo assim, é um gigante da história do nosso futebol. Sócrates surgiu no Botafogo de Ribeirão Preto (SP), e muitos diziam que ele não tinha futuro no esporte, pois não tinha tempo para treinar por cursar faculdade de Medicina. Entretanto, ele contrariou a todos, pois nasceu com o dom, e além de um grande jogador, foi um intelectual, um militante político de esquerda, um pensador.

Além das belas jogadas, Sócrates se destacou por liderar, nos tempos da ditadura militar, um movimento revolucionário no Corinthians, que veio a se chamar "A Democracia Corinthiana". O movimento consistia na tomada de poder das decisões do clube por parte dos jogadores, de forma democrática. Além da Democracia Corinthiana, Sócrates se engajou no movimento Diretas Já, que reivindicava eleições presidenciais diretas.

O futebol no Brasil e no mundo continua sendo o esporte com maior apelo. Os jogadores cada vez mais são elevados a status de mega estrelas, só que ao contrário de Sócrates (que também foi uma exceção), esses jogadores não usam seu poder midiático para causas realmente importantes (como a luta pela democracia, por exemplo), mas sim, para lançar penteados, participar de campanhas publicitárias, ou lançar polêmicas fúteis. Fica a reflexão de quais referenciais de atleta e de humano a juventude de hoje tem, quais valores e atitudes são exaltados, e consequentemente, quais valores e atitudes são reproduzidos pelas gerações mais novas.

Futebol e política estão - apesar de não parecer - extremamente ligados, infelizmente, essa relação só é mais perceptível nos bastidores, entre a "cartolagem" (Copa 2014 e a relação FIFA, CBF e Governo Federal é um exemplo crasso), cabendo aos jogadores apenas o papel de "peão", completamente submisso ao poder (exemplo disso é o ex-jogador Ronaldo, que mesmo rico e influente, aceitou fazer parte do comitê organizador da Copa, com uma missão clara de "blindar" o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, alvo de denúncias de corrupção).

Sócrates ia contra tudo isso, pois nunca baixou a cabeça para poderosos, tendo inclusive se manifestado contra um regime ditatorial. Sócrates podia não ser um exemplo de atleta, pois bebia bastante, mas era um exemplo de cidadão, exemplo esse que tanto nos falta hoje em dia. É, o "Doutor da bola" vai fazer falta...

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"gente de bem não teme a polícia"

Hoje cedo, e mais algumas vezes anteriormente, me deparei com esse papo. Me desculpem mas, nada mais CRETINO, PREPOTENTE, INGÊNUO, e dotado de uma obediência CEGA é esse discurso pré fabricado de que "gente de bem não teme a polícia". Presumo que quem repete esse mantra conservador nunca participou de um movimento social (me corrijam se eu estiver errado).

Por esse discurso subentendo que os manifestantes que ocupam a Wall Street para protestar, por perceberem que são massacrados pelo sistema financeiro são más pessoas (visto que entraram em conflito com a polícia, resultando inclusive, na prisão de CRIANÇAS). Subentendo também, que os professores do Estado de SP, que foram recebidos pela PM, do então Governador José Serra, com balas de borracha e bombas de gás, também são más pessoas, e a mesma lógica se aplica ao manifestantes do #ForaMicarla, que viveram vários momentos de apreensão, com eminentes possibilidades de invasão da PM para desocupar a CMN, que foi ocupada para reivindicar uma CEI dos contratos da Prefeitura fraudulenta. Dei só esses exemplos, mas poderia dar vários outros, como por exemplo os manifestos contra aumento de passagem de ônibus, que apesar de atropelarem a população, são duramente reprimidos pela polícia.

Acredito que, se esse tipo de gente que se presta ao papel de papagaio de Estado fascista já tivesse participado de um movimento social, que questionasse a ordem, e visse na PM, uma adversária da liberdade de expressão, inimiga de reivindicações legítimas, talvez essas pessoas pensassem diferente.

Em tempo: não quero aqui endemonizar a polícia, só quero expor meu pensamento contrário a uma generalização burra. A polícia é um braço (repressor) do Estado, logo, age de acordo com seus interesses, que em muitos casos, não representam o interesse do povo.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ontem eu vi Ronaldinho

Ontem, ia eu após sair do trabalho, a relaxar depois de uma manhã cansativa, e avistei Ronaldinho. Lembra seu homônimo, apesar do cabelo curto e muitos quilos a menos. Continua bem abaixo do peso, mas não muito mais do que da última vez que eu o tinha visto. Chamei ele, perguntei como ele estava, ele limpou o vidro do meu carro, eu dei um agrado, e falei pra ele ter cuidado com as pedras. O sinal abriu.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

a escola invisível

Há uns dias, enquanto estava na escola, a trabalhar, e a observar aquela manhã movimentada, lembrei do meu tempo de estudante secundarista, depois do meu tempo de graduando em Pedagogia, e em seguida voltei ao presente e não consegui parar de pensar na contradição existente entre discurso e prática na escola brasileira. Em cursos de licenciatura, professores e graduandos repetem à exaustão o clichê de que o papel da escola é "formar o cidadão crítico-reflexivo". "Formar o cidadão crítico-reflexivo" nada mais é que apenas um clichê, repetido à exaustão em escolas e instituições de Ensino Superior.

Nosso modelo de escola no Brasil está falido. Não conseguimos, até por ser difícil, formar o cidadão, tampouco um cidadão crítico-reflexivo. Pelo contrário, a escola brasileira é apenas um aparelho reprodutor da ideologia dominante. Na escola não se desenvolve a crítica e a reflexão sobre o que está posto. Escolas e cursos de graduação em licenciatura, principalmente em Pedagogia, mais parecem a Grécia antiga, com um discurso muito democrático, e uma prática escravocrata.

Como exemplo, cito o que vivi em 2006, no meu último ano como estudante secundarista. O coordenador da minha escola foi até as salas para orientar os alunos a não participarem do MPL - Movimento Passe Livre. Caso participassem, que não fossem fardados. No bom português: "não queremos que reivindiquem seus direitos, e não queremos ter nossa imagem vinculada a atos de cidadania". Essa é a escola brasileira, formadora de dóceis ovelhas conservadoras, raríssimas são as exceções.

Aqui no RN, por exemplo, alunos concluem o ensino médio sem saber quem são os Alves e os Maias, e o que eles representam. Conseqüentemente, votam neles sem nada questionar, e perpetuam ainda mais o coronelismo, que muitos também saem da escola sem saber o que é, ou então, dão pouca importância. O cidadão crítico que a escola diz formar, ou querer formar, é o que é incapaz de decodificar mensagens midiáticas, aceitando assim, tudo o que vê nos meios de comunicação, como um Homer Simpson, que uma vez disse que "A tv não mente". Em decorrência disso, não me surpreendo quando vejo indivíduos se envolverem tanto com novelas, BBB's e futilidades do tipo, como se fosse algo, de fato, importante para suas vidas.

Além disso, e várias outras coisas, nossos alunos saem da escola com uma consciência de classe pífia, assim como seus professores. Muitos deles fazem greve para ficar em casa descansando. Apontam os baixos salários como culpados pela situação que a educação se encontra. Concordo que é vergonhoso o salário dos docentes da educação básica, e que estes merecem salários mais dignos, mas afinal, um salário baixo apenas desmotiva, ou desqualifica o sujeito, também? E a infra-estrutura da escola, e as políticas de formação continuada, onde ficam? Relegadas a segundo plano, e imediatamente esquecida quando o Governo oferece umas migalhas de aumento.

Infelizmente, de modo geral, a escola no Brasil nada mais é que uma lojinha de diplomas. Quem tem mais grana, compra bons diplomas, diplomas estes, que permitirão conquistar outros bons diplomas. Quem não tem, fica assim mesmo, ou espera ajuda divina. É importante, e já passou da hora de repensarmos sobre nosso modelo de escola, assim como é importante que muitos pais e professores repensem sobre suas práticas educativas.

domingo, 11 de setembro de 2011

verdadeiro 11 de Setembro: chileno

Interessante colocar na balança o destaque que nossa grande (e velha) mídia dá para o 11 de Setembro americano, e o 11 de Setembro chileno.

Se por um lado, o 11 de Setembro americano foi chocante pelas imagens, e representou um marco para a era da informação, por outro lado, o 11 de Setembro também representa um atentado terrorista, um atentado terrorista contra a democracia, que culminou no Golpe de Estado de 1973, contra o Governo socialista de Salvador Allende, eleito democraticamente pelo povo, que conseguiu significativos avanços sócio-econômicos.

Mas de fato, não se pode cobrar que o cruel Golpe chileno, financiado pelo Tio Sam, seja lembrado e discutido por uma mídia golpista, tendo na Globo seu principal símbolo. Globo esta, que foi concedida a Roberto Marinho, pelas mãos de militares, que chegaram ao poder pelo golpe de 1964, também financiado pelos Estados Unidos. Relembrar o golpe chileno representa lembrar as conquistas socialistas destruídas no Chile, relembrar também, as ditaduras sul americanas financiadas pelos Estados Unidos, e nos fazer chegar à conclusão de que, afinal, os Estados Unidos não simboliza nem um pouco a democracia, pelo contrário, simbolizam a tirania, tirania essa que eles dizem lutar contra.

11 de setembro e o terrorismo no Chile
Por Augusto Buonicore: http://altamiroborges.blogspot.com/2011/09/11-de-setembro-e-o-terrorismo-no-chile.html

Chile - 11 de Setembro de 1973: http://naoapaguemamemoria2.blogspot.com/2007/09/chile-11-de-setembro-de-1973.html

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Quanta dor...

Dia desses encontrei minhas muletas guardadas, e pensei "espero nunca mais precisar delas..."

Sábado, antes de ontem, meu primo e nosso amigo chamado Raphael, vulgo Goku, me chamaram pra dar um rolé e trocar umas idéias. Conversamos sobre várias coisas, entre elas, sobre o sofrimento que passamos, por causa de nossas lesões no joelho. Sempre que tocávamos no assunto, mandávamos um "espero nunca mais passar por isso". Sendo que...

Domingo chovia, e eu gosto de jogar na chuva. Eu, meu primo, e mais três amigos fomos jogar, e tudo parecia propício para tal. Me sentia bem, a grama sintética estava nova, o time era composto só por amigos, mas as coisas não correram tão bem quanto o esperado. Toquei na bola umas três vezes, dividi a bola em outra ocasião mas, não era passado nem cinco minutos de jogo, uma bola sobrou para mim, eu ouvi apenas um "chuta!". Preparei o chute e um pé escorregou, senti um estalo e uma dor fina, e quando cai no chão, já sabia que eu estava mal. Agonizei de dor, chorei, e me desesperei ao lembrar do que já tinha passado, e provavelmente passarei novamente.

Sai do jogo, chorei mais, tanto de dor quanto por desespero, liguei pra Goku, que ficou incrédulo com o ocorrido, e desde então não consigo pensar em outra coisa: tudo que vou ter que passar novamente. Minhas muletas, companheiras, já estão ao meu lado.

Hoje já fui ao médico, que tratou de não me iludir, e disse que "a coisa tá feia", e que "provavelmente teremos que operar". Melhor assim, sem ilusões, apesar que eu sei que ainda tenho muito mais a chorar, e a lamentar.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

dinheiro, dinheiro e dinheiro.

"Dinheiro? Quero sim, se essa é a pergunta, mas dona Ana fez de mim um homem, e não uma puta".

Com as palavras do Mano Brown, começo a falar sobre o que venho pensando ultimamente.

Vivemos numa sociedade capitalista, cujo dinheiro além de deter um dos papéis principais, se configura como uma espécie de legitimador de poder, e para alguns, como uma perspectiva de alcançar a felicidade plena, como se isso existisse.

De forma até inocente, eu ainda fico perplexo com a relação que as pessoas nutrem com aquele valioso pedacinho de papel. Colocam o dinheiro à frente de tudo, e para obterem uma série de pedacinhos valiosos de papel, passam por cima de vários princípios, sem qualquer remorso.

Jovens que cantavam "papai noel, filho da puta, rejeita os miseráveis... eu quero matá-lo, aquele porco capitalista..." cresceram e hoje só pensam em ganhar dinheiro, para gastá-lo com coisas fúteis. Pessoas pacatas, ao se misturarem com a futilidade burguesa, incorporam seus valores vazios, por aí vai.

Dia desses, um colega da minha mãe, que é médico, após passar a noite contando vantagem, convidou eu e as demais pessoas (que em sua maioria, assim como eu, não o conhecia) para conhecer a boate que ele construiu em sua casa. Imediatamente pensei como a vida desse sujeito deve ser vazia, carente de amizades verdadeiras, para ele chegar ao ponto de chamar desconhecidos para contemplarem sua riqueza material.

Como iniciei esse texto, dinheiro todo mundo quer, até por uma questão de sobrevivência, mas calma lá, não vamos transformar o pedacinho de papel em obsessão.

P.s. - apenas uma tirinha (via malvados.com.br ) para ilustrar:

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Natal x Springfield

Apesar de situada nos Estados Unidos, Springfield é uma sátira bem pertinente das sociedades ocidentais em geral, assim como a sociedade natalense. No entanto, chegamos a um ponto em que mais parece que Natal é uma sátira de Springfield, uma sátira da sátira. Eis que eu explico meu pensamento:

A começar pelo caricato prefeito Quimby, que, apesar de corrupto, incompetente, demagogo, e envolvido nos escândalos mais bizarros, consegue, às turras, manter os serviços básicos da cidade a funcionar (o que não faz disto um mérito). O prefeito Quimby consegue ser igualmente patético à nossa prefeita atual, sendo que, mesmo representando o estereótipo do mau político, consegue superar nossa prefeita em matéria de "administração".

Em relação à saúde e educação, em Springfield, apesar de um médico demasiadamente sarcástico e inconveniente, como o Dr. Hibbert, e educadores caretas e desmotivados como Skinner e Edna Krabappel, a educação de Springfield funciona, mesmo que aos trancos e barrancos, assim como a saúde. Ao contrário de natal, onde a saúde está sucateada, sem utensílios básicos, e a educação está caótica, onde até a merenda escolar é estragada.

Tendo na figura de Kent Brockman o símbolo da mídia jornalistica, fica difícil não associá-lo às mídias comerciais que tratam a (des)informação como mercadoria, que será posta à venda, ou não, de acordo com os interesses político-econômicos do meio, que, de modo geral, não são os mesmos do povo, assim como acontece no caso de Natal. Entretanto, até mesmo o jornalista Kent Brockman já foi capaz de bater de frente com o prefeito corrupto Quimby, ou até o poderoso Burns, o que não é visto nos meios de comunicação do RN, que apesar de serem propriedade privada (apesar de serem uma CONCESSÃO PÚBLICA) de coronéis, que supostamente são rivais políticos, apresentam um caráter extremamente corporativista, havendo meio que uma proteção mútua entre eles, até porque, tais coronéis representam o mesmo grupo político e econômico, o mesmo modelo ultrapassado de se fazer política.

Por fim, temos o capitalista cruel chamado Montgomery Burns, dono de uma usina nuclear, que não hesita em soltar seus cachorros contra quem o incomodar. Seguindo o paradigma do grande empresário, Burns explora seus empregados, e sua usina se configura como um risco ao meio que a cerca. Em Natal, os "Burns" seriam os donos de construtoras e de empresas de ônibus, que maltratam a cidade com a especulação imobiliária e com as altas tarifas de transporte, além de nutrirem uma relação sórdida com os grupos políticos que dominam a cidade, e com os meios de comunicação, prática essa, que se fossem sugeridas ao Burns, provavelmente faria com que ele soltasse seu bordão "excellent..."

Assistir e analisar os Simpsons possibilita um olhar para dentro da nossa sociedade e, em muitos casos, constatar que vivemos numa sociedade que parece se configurar como uma sátira da sátira.

terça-feira, 12 de julho de 2011

mas que vergonha...

Estou escrevendo esse post apenas para externar o que venho sentido, que se configura como uma mescla de indignação, revolta e nojo, com perplexidade.

Há dois meses, os professores da rede estadual de ensino do RN estão em greve. Além dos professores, policiais civis e mais 15 categorias estão paradas, explicitando assim, o total desgoverno em que se encontra o Estado do Rio Grande do Norte.

Considero as greves um ato legítimo, se não se restringirem à paralisação das atividades, de modo a parecer mais umas férias, do que propriamente um ato político, mas não quero focar nessa questão.

Não negando as raízes históricas de seu partido, o DEM (ex-PFL, ex-ARENA...), a Governadora Rosalba se nega a dialogar com as classes, numa aparente tentativa de vencer pelo cansaço. Pro azar da Governadora, nós, estudantes, já perdemos nossa paciência (muito em decorrência da patética prefeita Micarla, que teve em Rosalba, um forte apoio para se eleger) e decidimos acampar em frente à Governadoria.

Parecendo mágica, ou uma enorme coincidência (HAHAHA), logo após acamparmos em frente ao prédio, representantes do SINTE - Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN, foram finalmente, recebidos na governadoria.

Agora venho expor minha indignação: fizemos esse estardalhaço mesmo com pouquíssimas pessoas. Estamos lutando, implorando, apenas por uma educação pública de qualidade, um dos pilares de uma sociedade minimamente equilibrada, e uma das condições para, de fato, alcançarmos ideais de democracia, justiça e liberdade.

É vergonhosa a postura inerte das pessoas, que preferem ver as mostras de fragilidade do sistema capitalista, e as revoluções que ocorrem por todo o mundo, sentados em seus sofás, pela televisão. É vergonhoso ter que praticamente IMPLORAR para as pessoas se juntarem a uma luta que é de todos: educação de qualidade para todos. LEVANTEM-SE E LUTEM!

"O homem coletivo sente a necessidade de lutar"
Chico Science

quinta-feira, 30 de junho de 2011

ah, as redes sociais...

Hoje passei por uma situação inusitada no twitter.

Dia 28, o guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, estava nos TT’s do Brasil, daí eu escrevi:
"Avisem ao Andreas Kisser que o Sepultura acabou com a saída do Max. Obrigado."

Daí há pouco, recebi um reply da mulher do Andreas dizendo:
"@MazelaHumana eu dei o recado e o @andreaskisser mandou te convidar pro próximo show do Sepultura próximo a vc, VIP claro! Já ouviu #Kairos"

Respondi a ela que eu só iria se ele pagasse, aí ela respondeu:
"@MazelaHumana exatamente isso, vc é convidado VIP, assiste de onde quiser e se num gostar, de verdade, eu aceito sua crítica! fechado?"

Trocamos mais uma idéia, um seguiu o outro, e combinamos que quando tivesse Sepultura aqui pelas áreas, eu iria pra sacar o som.

As redes sociais e suas possibilidades de comunicação...

segunda-feira, 27 de junho de 2011

porra, professor!

Nós, professores, reclamamos demais dos baixos salários pagos à classe. Reclamamos com muita razão, nossos salários não estão de acordo com a importância da profissão para a sociedade. Mas será só isso?

Hoje fiquei sabendo que uma das escolas particulares mais caras e "badaladas" da cidade, paga menos de 300 reais (280 ou 290, para ser mais preciso) para os professores estagiários do Ensino Fundamental Inicial. E mais, há FILA para conseguir esse estágio.

Alguns podem dizer que "muitas pessoas precisam do dinheiro", e eu respondo: na rede pública se paga melhor.

Aceitar um salário ultrajante desses, só por status, por trabalhar numa escola "bem conceituada", ou por não querer lidar com a realidade nua e crua da periferia. Chego a pensar se, atuando na rede pública, recebendo um salário patético desses, dariam o sangue como dão na rede privada, ou adotariam a prática vergonhosa do "migué".

A consciência de classes dos profissionais da educação chega a ser risível.

domingo, 26 de junho de 2011

cruel...

Hoje vi uma cena curiosa: dois garotos, ambos com menos de 10 anos de idade, fazendo malabarismo num sinal de trânsito. Eis que parou um carro luxuoso, e o casal pomposo que ia dentro, gostou do "espetáculo", riram e aplaudiram.

Naquele mesmo instante, fiquei a pensar se, primeiramente, era digno de aplauso ver crianças fazendo malabarismos em sinais de trânsito, e segundo, se eles teriam a mesma postura se fossem os filhos deles.

É aquela coisa: "pimenta no cu dos outros é refresco, e eu ainda aplaudo!"

domingo, 12 de junho de 2011

fizemos história!

Hoje faz seis dias que ocupamos a Câmara Municipal de Natal.
Há seis dias, apartidários (como eu), anarquistas, militantes do PT, PSTU, PCdoB e de grupos feministas estão juntos, ocupando a câmara reivindicando mudanças nas estruturas políticas da cidade do Natal. Pedimos a CEI dos mais de 100 aluguéis irregulares da Prefeitura da cidade, e o consequente impeachment da prefeita.

Ao longo desses seis dias, todas essas pessoas conversaram, fizeram plenárias, discutiram sobre variados assuntos (em sua maioria, política, obviamente), brincaram, jogaram peteca, viram filmes e debateram sobre eles, limparam a câmara para mantê-la em ordem, e cooperaram. Vaidades, convicções políticas, tudo isso foi deixado de lado, viramos quase uma família.

Fizemos história ao ocupar pela primeira vez o pátio da Câmara Municipal de Natal. Todos que lá estavam ao longo desses dias irão se lembrar desses dias pelo resto de suas vidas. Infelizmente tive que deixar meus companheiros hoje, pois amanhã trabalho cedo, mas mentalmente estou junto a eles, e será muito difícil dormir hoje. Amanhã sairei mais cedo do trabalho para me juntar a eles, e se for o caso, desocupar a Câmara através de forte repressão policial.

Gostaria de poder escrever mais sobre o que se passou ao longo desses seis dias, mas confesso não ter palavras para descrever. Saí de lá completamente frustrado, triste pro sair daquele ambiente tão aconchegante... 6 dias que NUNCA serão esquecidos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tá ocupada!

Hoje foi demais, arrisco-me a dizer que, politicamente, foi um dos dias que mais fizeram sentido na minha vida.

Cheguei à praça cívica no horário marcado, às 9 horas. Haviam poucas pessoas e o céu estava nublado. A STTU boicotou a saída da Kombi com o som, a chuva começou a cair com força, o que fez com que o pessoal se abrigasse debaixo das marquises. Pensei: "fudeu, vai esfriar o movimento". Eu e mais uns colegas agitamos o pessoal, e saímos debaixo de uma forte chuva.

Durante o caminho foi juntando mais gente, porém não impediu que marginais pró-Micarla aprontassem mais uma vez: fui atingido por uma pedra nas costelas. Paramos na porta da prefeitura que teve sua porta bloqueada pela Guarda Municipal. Gritamos contra os desmandos da prefeita (Aluguéis, copos superfaturados, zoológico imaginário...), e seguimos rumo ao outro antro da bandidagem da cidade, a Câmara Municipal.

Chegando lá, as portas estavam abertas, e entramos. Gritamos pela CEI dos Alugueis que corre o risco de ser barrada pela bancada da situação, e gritamos contra essa mesma situação, que sustenta o desgoverno da prefeita. Levarei para a tumba a cena daqueles bandidos nos olhando assustados, pasmos com nossa presença ali.

A Câmara segue ocupada.

http://www.nominuto.com/multimidia/tv-nominuto/foramicarla-faz-passeata-no-centro-de-natal/1588/

quinta-feira, 2 de junho de 2011

mais protestos, prefeitura marginal e a geração sofá.

Ontem ocorreu em Natal mais um protesto contra a pior prefeita de todos os tempos, Micarla.

Novamente, foi lindo ver a grande quantidade de pessoas mobilizadas. Foi irado ver a quantidade de apartidários e o apoio que recebemos das pessoas presas no trânsito.

Mas agora, prefiro mostrar o lado negativo do ato. Continuamos pouco politizados, e o reflexo disso são nossos gritos. Normal isso num protesto com pouca organização, mas é preciso mudar. Outro fato lamentável, era o grupo de marginais pró-Micarla, que roubaram bandeiras e jogaram bombas nas pessoas. Esse é o nível da turma que (di)gere a cidade.

Por fim, ao chegar em casa, noto pessoas que, assim como toda a população de Natal, sofrem com esse desgoverno e reclamam dele, em maior ou menor intensidade, ironizando o movimento. Ou seja, são pessoas acomodadas, que não levantam o traseiro da cadeira para reivindicar melhorias, mas adoram ficar reclamando quando são prejudicadas diretamente. É a geração "sofá e leite com pêra".

Enquanto a mentalidade institucionalizada não mudar, nada muda.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

mudanças

Devo confessar que estava pessimista (ou realista, sei lá) em relação à minha cidade. No entanto, mudanças políticas são lentas. Nunca vi o povo de Natal tão revoltado com o nosso cenário político (que ele ajudou a eleger, no 1º turno, diga-se de passagem) como agora. Nunca vi o povo falar tanto sobre política, muitos até olham o Diário Oficial.
Nunca vi as pessoas acompanharem, tão de perto, o que rola na Câmara Municipal. E agora, a coisa entrou em erupção de vez, e espero que não seja um lapso de lucidez, um fato isolado. Acho que se a prefeita cair, podemos acreditar que podemos mais, e os próximos alvos são as grandes oligarquias.
O povo parece ter ficado farto não só de Micarla.
Espero participar, nas ruas, da queda de um Agripino da vida.
A mentalidade também tem que mudar.

Em tempo: Devemos exautar o papel das democráticas (apesar da ainda grande exclusão digital) redes sociais nesses processos democráticos. Twitter e Facebook foram primordiais.
NÃO PRECISAMOS DA VELHA MÍDIA COMPRADA!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

ah, o povo...

Inicio esse texto com uma citação de Paulo Freire: "o povo deixou de ser massa, politizou-se".
E foi o que eu vi hoje, dia 25 de maio de 2011.
Pode ter sido um lapso de lucidez, um ato isolado, mas cansamos de tomar tapa na cara e não fazer nada.
Hoje, mais de 2000 pessoas foram às ruas de Natal pedir a cabeça da prefeita patética, corrupta e incompetente. Apesar da mídia comprada por propagandas da mesma prefeitura, dizer que haviam entre 200 e 500 pessoas.
O evento de hoje, reacendeu um pouco da esperança que eu tinha em relação às pessoas de minha cidade, que quase se apagou após essa prefeita e a medíocre governadora conseguirem ser eleitas no primeiro turno.

Comentei com meu amigo João sobre o protesto, e ele disse: "vocês querem Paulinho Freire (vice prefeito) como prefeito?" De fato, esses 4 anos podem ser jogados no lixo, servindo apenas como aprendizado, mas considero que o que houve hoje foi de extrema importância, pois mostramos que somos capazes de nos mobilizarmos em prol de algo sério. Talvez alguns políticos passem a pensar 2x, antes de cuspirem em nossos rostos. A noite de hoje ficará para sempre marcada.

Além da mobilização em si, destaco também:
1 - O fato do pessoal não ter dado entrevista para a mídia comprada por propagandas da prefeitura. Infelizmente os meios de comunicação do RN estão nas mãos dos políticos, consequentemente, não atendem nossas necessidades. Eles jogam contra nós.
2- Foi muito bom ver, até POLICIAIS, e pessoas presas no engarrafamento, nos aplaudirem.
3 - Fora uma faixa do PT, não haviam bandeiras partidárias, foi um movimento político do povo mesmo. Haviam crianças, deficientes físicos, brancos, negros, playboys, punks... enfim, diversidades que constituem o povo.

Vou dormir em ecstasy.

domingo, 22 de maio de 2011

ah, a mídia...

Apesar da crescente democratização dos meios de comunicação, vista de forma intensa na internet, por meio de blogs e microblogs (Twitter, no caso), a Televisão ainda detém um poder soberano.

Ainda deve ser assim: até há pouco tempo, no Brasil, haviam mais lares com televisão, do que com geladeiras.
A mídia que define o que é discutido no país. O que não passa pela mídia, meio que perde legitimidade, importância.
Melhor exemplo disso, é que apesar de rolarem discussões na net, que fogem à "linha editorial" da grande mídia, ela ainda exerce uma influência impressionante nas demais mídias. Quase como uma extensão, com direito à opinião.

Melhor exemplo é a tag #DezporcentodoPIBja, que surgiu no Twitter durante o programa do Faustão, que entrevistou a Profa. Amanda Gurgel, que levantou a discussão de destinar 10% do PIB para a Educação. A discussão não durou muito mais que o fim do programa, mais tarde, o topo dos Trending Topic do Twitter já era ocupado por #FranjaDaSabrina, em alusão à mudança de penteado da "apresentadora" Sabrina Sato. Relevante, não? Mas tá na mídia!

É papel da escola discutir os meios de comunicação. Ninguém o faz, ninguém regula a mídia. Por isso seria importante a lei de regulamentação dos meios. Nossos problemas na educação não se limitam aos salários dos professores, como também à falta de cursos de formação continuada constantes, falta de infra estrutura, falta de consciência de classes dos professores, falta de pessoas competentes e ligadas à educação gerindo políticas públicas de educação. Já agora, falta a Escola, enquanto formadora, discutir os meios de comunicação. Discutir os meios de comunicação passa por discutir a sociedade e nossas práticas. São faltas demais.

No RN, mais de 90% dos meios de comunicação pertencem a políticos. Agripino, por exemplo, faz campanha quase diariamente na TV Tropical. O Brasil precisa ser repensado como um todo. E para repensar o Brasil, precisamos primeiro repensar nossas práticas pessoais. Em quem votamos é um exemplo. Chegar e despejar 10% do PIB na educação, achando que vai resolver, não adianta muita coisa.

domingo, 15 de maio de 2011

inocência

Mas o legal é quando mesmo depois de alguns anos de clausura, você acorda ao lado da sua amada e se descobre um felizardo
O legal, man, é saber que todos os acidentes de percurso valem a pena quando lhe aproximam ainda mais da pessoa certa
O legal é ir dormir sabendo que ao acordar você poderá mais uma vez contar todas as pintinhas e sinais da pele da sua escolhida, só pra ter certeza
Só pra ter certeza que não esqueceu nada, que nada saiu da sua ordem, o universo e os elementos continuam conspirando a seu favor
E você continua reinando, reinando enquanto dorme!

Mundo Livre S.A.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

oposição em frangalhos e crise na Europa

Ontem Carol pediu uma sugestão de um blog para ler, brincando, sugeri o meu. Ela disse que queria um com um teor mais político. De fato, comento pouco sobre política por aqui, mas hoje, vamos lá, gostaria de falar sobre duas coisas: a crise na Europa e o esfacelamento da oposição no Brasil.

Colocando os assuntos em dia com meus grandes amigos que deixei em Portugal, um deles está morando em Luxemburgo. Entre outras coisas, confirmei que, de fato, a terrinha vai mal das pernas economicamente. Com muito orgulho, disse a eles que os oito anos de governo de esquerda com o Lula fizeram muito bem ao Brasil. Diga-se de passagem, enquanto uma parte considerável da Europa, EUA e demais países que adotam modelos neoliberais, passam por dificuldades econômicas, a América do Sul e seus governos de esquerda, nunca gozaram de um momento de soberania tão bom. Já não nos curvamos para ninguém.

Em relação ao nosso governo, o que mais me preocupa é justamente a oposição. Oposição essa, que agoniza. Chega a ser engraçado como os caras estão sendo trucidados. O DEM rasteja, e o PSDB vive uma verdadeira guerra interna, que vai combalindo as estruturas do partido. Já o PiG - Partido da imprensa golpista - também já não vive mais dias de glória. A Globo vê seu ibope cair a cada dia, e a revista (Não) Veja implora por assinantes. Apesar de achar engraçado isso tudo, fico preocupado com falta de uma oposição inteligente, que ajude o Governo a não cair em vícios nem em acomodações, cobrando-o de forma sensata e responsável (coisa que não vemos há quase uma década).

domingo, 17 de abril de 2011

melhores do mundo

Sábado 16, fui para uma peça de humor no teatro, e foi bem interessante. Um grupo de Brasília, fazia piada com, entre outras coisas, fatos locais. Bacana os caras pegarem essas bizarrices daqui para incorporarem à peça, gerando assim maior identificação junto ao público.
Foi engraçado rir de "Micarletéia" no teatro, mas é um humor negro total, pois é rir de nossa própria falta de discernimento político (rir da nossa própria miséria). Fico ainda mais perplexo ao imaginar os eleitores dela ali presentes, rindo, em pleno teatro, da prefeita que eles ajudaram a eleger.

Estudando mídias aprendi que devemos sempre pensar: "de quem, ou do que, estamos rindo?"

sábado, 9 de abril de 2011

Groundation...

É digníssimo de registro o show de ontem, da banda de reggae Groundation.

Me arrisco a dizer que, com esses olhos e ouvidos que a terra nunca comerá, presenciei o melhor show de reggae de toda minha vida.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

classe mérdia

A classe média no Brasil, no meu ponto de vista, transcendeu a idéia de se configurar como um grupo sócio-econômico, até pela abrangência do termo(classe média baixa, super baixa, média média, média alta, média pedante...), se configurando cada vez mais como um grupo político-ideológico, do que qualquer outra coisa.

Esse meu pensamento vem se consolidando devido às práticas e narrativas acomodadas, preconceituosas, egoístas e alienadas desse grupo (o texto passado refere-se a essa gente).

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ah, o egoísmo...

Certas coisas não dão pra aguentar, e uma delas é esse egoísmo escroto das pessoas. No caso de Natal/RN, a cidade está completamente jogada às moscas. Saúde, educação, transportes públicos, infraestrutura, enfim, tudo, o que não faltam são absurdos que afetam a todos, direta ou indiretamente. No entanto, nada fazem, além de dar uma reclamada aqui, ou acolá.

Daí, aumentam - de forma abusiva - o preço da gasolina... aí pronto, o caos está instaurado. Acho válido as pessoas protestarem quando se sentem lesadas, e fiquei até feliz em ver que sim, o povo é capaz de se organizar em prol de um objetivo. Um povo que eu considerava totalmente inerte, vai protestar!

O que me deixa triste é que essa indignação toda, se deve ao fato de ter havido um golpe no bolso desses sujeitos. O golpe social e coletivo é ignorado, não se dá a importância que a magnitude do problema exige, para eles, o pobre que precisa da saúde e da educação pública que se dane. O pensamento dessa gente parece ser esse: "professores e médicos que reivindiquem melhorias em suas respectivas áreas (como se só eles que usufruíssem dela), o que afetar a mim diretamente, e me pegar pelo bolso, eu reclamo".

O ser humano cada vez mais medíocre, impressionante.

velha mídia, velho povo e velha merda.

Hoje, dia 7 de Abril, parecendo inspirado na tragédia de Columbine, um cara de 23 anos invadiu uma escola no Rio de Janeiro e alvejou diversas pessoas, matando 11 crianças até agora e deixando uma paraplégica. O que se viu, foi o de sempre...

... pessoas com soluções imediatistas do tipo: detector de metais e seguranças nas escolas (piada de mal gosto, pois falta até comida e água em várias escolas), além de um novo plebiscito sobre o desarmamento, lembrando que houve um em 2005, e talvez essas mesmas pessoas votaram em NÃO desarmar as pessoas (ver imagem abaixo sobre a posição da velha mídia quanto ao assunto).

Já nossa velha mídia, o de sempre, como sempre, e para sempre: nunca discutem as soluções e principalmente as causas dessas aberrações(seria um tiro no pé, pois ela tem sua parcela de culpa nesses acontecimentos), pelo contrário, cada vez mais tentam transformar essas tragédias em espetáculos midiáticos (muitos diretores de TV devem ter comemorado a audiência do fato, e torcido por imagens chocantes), onde irão explorar ao máximo as pessoas e suas emoções. Como exemplo, pego as manchetes do site da Globo:
'Morreu com 13 anos', chora mãe de vítima
"Gêmeas estão entre as vítimas; uma não resistiu".
'Policial que acertou atirador é um herói'

Aliado a uma mídia fascista, que leva alguns sujeitos do miolo mole a reproduzirem o que vêm na telinha, nossa educação, saúde e demais políticas públicas são verdadeiras produções em série de psicopatas.

Ah, a velha mídia...

segunda-feira, 28 de março de 2011

indústria da bondade

No texto anterior falei sobre a perfeição fachada, que consiste em ostentar uma personalidade, um estilo de vida para atender a padrões aceitos por determinados círculos sociais, e algo que se encaixa perfeitamente à essa necessidade, é a "indústria da bondade".

A indústria da bondade é aquela coisa patética, que surge para suprir a necessidade das pessoas de praticarem uma ação teoricamente boa, quase como um Engov da consciência das sociedades cristãs ocidentais, que causa a sensação de "dever cumprido".

Nessa indústria, enquadra-se os 15 reais doados ao Criança Lambança, para o sujeito acreditar que cumpriu seu papel social, ou os 10 centavos dados de esmola no sinal, ou então apagar, miseravelmente, as luzes de casa por uma mísera hora, na tal Hora do Planeta, pro indivíduo que anda num carro a diesel, joga lixo na rua e afins, achar que cumpriu com seu papel ambiental, e está protegendo o meio ambiente, altamente preocupado com o aquecimento global.

Participar da indústria da bondade é como rezar: o sujeito não faz nada, mas acha que está ajudando.

Fachadas e mais fachadas. Hipocrisia e mais hipocrisia. Comodismo e mais comodismo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

"perfeição fachada"

Discutindo com meu amigo, professor, mestre e oráculo chamado João, tratávamos sobre a necessidade que as pessoas têm de ostentar uma personalidade, um estilo de vida de fachada, apenas para atenderem a padrões mais aceitos por seus círculos sociais.

As pessoas fingem viver uma vida perfeita (que tolice, impossível), fingem ser liberais (mas votam em candidatos ultra conservadores), assim como fingem não possuir preconceitos (outra tolice impossível), pois está na moda. Vejo pessoas usando drogas para serem aceitas em certos grupos, e pagando a consequencia da imaturidade depois. Vejo pessoas tatuando tosqueiras pelo corpo, apenas para possuírem uma tatuagem, e pagarem de "maneiras".

Vejo também, pessoas altamente reacionárias, beijando pessoas do mesmo sexo, pra posar de bissexuais, apenas pra parecerem descoladas. Vejo também, essas mesmas pessoas, estigmatizando outros sujeitos que não concordam (mas respeitam) com essa postura, me fazendo pensar que um dia essa gente obrigará os demais a gostarem de comportamentos que, intimamente, não gostam. Não bastará respeitar, todos deverão reproduzir comportamentos descolados, para parecem descolados e construírem uma sociedade descolada... e vazia.

E assim segue a vida, sendo vivida para os outros, de fachada.

p.s.: Via Ryot Iras

teus lábios são labirintos

Refrão de Bolero
Humberto Gessinger

Eu que falei nem pensar
Agora me arrependo roendo as unhas
Frágeis testemunhas
De um crime sem perdão

Mas eu falei sem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser

E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar num bar

Com um vinho barato
Um cigarro no cinzeiro
E uma cara embriagada
No espelho do banheiro
...

p.s.: Eu estava lá:
http://www.youtube.com/watch?v=fJTgoVURLo0&feature=related

quinta-feira, 24 de março de 2011

O fim parece próximo

Próximo mês, vai fazer um ano que trabalho na instituição de ensino que tão bem me recebeu. Prôximo mês, também, vence meu contrato de um ano de estágio.
Se vão renová-lo, não sei, espero que sim, mas o que tiver de ser, será. Vejo a renovação apenas como o prolongamento da minha felicidade, e o adiamento da tristeza de ter que deixar meus amados alunos.
Confesso que, se eu deixá-los, já não verei sentido nas minhas manhãs. Não consigo mais conceber meus dias sem aquelas pessoas, que deram sentido não só às minhas manhãs, como também à minha formação humana e profissional, à minha vida, também.
Como vou viver sem todos aqueles abraços, apertos de mão, carinhos, afagos e cumprimentos em geral? Tudo isso justifica acordar todos os dias às 5 da manhã, justifica a correria todas as manhãs, a quantidade de pepinos pra resolver... Justifica tudo, e ainda me faz sair ao meio dia com um sorriso bobo no rosto.
Só de pensar numa provável despedida, meus olhos ficam pesados, e inevitavelmente, o que "é clara e salgada, cabe em um olho, e pesa uma tonelada, tem sabor de mar, pode ser discreta, inquilina da dor, morada predileta" cai, copiosamente.

sábado, 19 de março de 2011

intolerância, preconceito e afins....

Hoje, eu, dois primos e o ex-cunhado de um deles fomos à praia para surfar.
Saí da água após tomar um caldo violento (novidade nenhuma) e me deparei com meu primo a conversar com um estranho. Me aproximei e vi que se tratar de um argentino mochileiro, barbudo, com aspecto de cansado e um pouco abaixo do peso.
Meu outro primo e seu ex-cunhado saíram da água e colocaram uns olhos pouco amigáveis pro cara, e perguntaram asperamente quem ele era, e pra onde ia. Já comecei a não gostar. Eles voltaram pra água, e eu e meu outro primo começamos a conversar com ele.
Entre outras coisas descobri que ele mora na Espanha, mas é de Buenos Aires, vive de viajar pelo mundo (conhece mais o Brasil do que eu) e que provavelmente eu gostarei mais de conhecer a Patagônia do que a capital argentina.
Fui para a água e perguntei se podiam dar carona pro cara, e ouvi de cara um não. Continuei a não gostar, mas o carro não era o meu, tive que engolir.
Decidimos ir embora, fui falar com o cara, e em momento algum ele pediu nada, eu que perguntei se ele precisava de algo, carona (eu me propus a voltar para busca-lo), comida ou dinheiro. Ele disse que estava tudo bem, então me juntei as demais e fomos para o carro. No caminho, começou uma forte discussão, pela forma como os dois olharam para o cara, e o trataram.
A discussão se prolongou, começamos a nos tratar de forma pouco educada e por pouco não partimos para a agressão. O ex-cunhado do meu primo, que disse ter mudado muito após começar a ler a bíblia, era o mais revoltado com o fato de eu ter ficado com raiva pela carona negada.
Decidi voltar da via costeira a pé, uma bela caminhada para esfriar a cabeça, mas antes tive que escutar do meu primo que estava ao meu lado na discussão dizer: "que merda, tinha que ser um argentino filho da puta pra causar essa discórdia entre nós".
Não, não foi culpa do argentino, e sim da intolerância, do preconceito e afins...

Me entristeço com essa tendência cada vez mais forte, das pessoas verem umas nas outras, uma ameaça em potencial, ou inimigos em potencial. Essa tendência fará com que cada vez socializemos menos, nos relacionemos menos. O nosso mundo é vil, é verdade, mas não podemos ser tão radicais, caso contrário, voltaremos às cavernas.

domingo, 13 de março de 2011

Carnaval

O carnaval tem uma aura de descontração, a diversão em si é boa, mas certas coisas são impossíveis de se passar batido...

Pelo menos para onde fui, pro interior do Estado, o que eu vi foram pessoas fúteis, de todos os lugares do país, padronizadas dos pés à cabeça (sim, os penteados eram iguais, as camisas eram todas da mesma marca e estilo, e por aí vai), ostentando um lifestyle medíocre, pautado no desfile de praticamente, carros alegóricos. Carros alegóricos esses, que pareciam competir, não só na potência do som, como também na péssima qualidade musical. A disputa parecia ser: quem colocar a pior música, ganha.

E a essa lógica consumista não ficava por aí, os sujeitos donos desses artefatos responsáveis pela poluição sonora, eram praticamente elevados a um status de "reis do baile", e eles de fato, se sentiam assim, talvez por fornecerem "boa música" à toda aquela platéia e exibirem suas parafernálias sonoras. Pra mim esses sujeitos só não superavam em termos de mediocridade, as garotas decorativas dos carros alegóricos, que por instantes me fizeram lembrar das dançarinas de programas televisivos, no entanto, essas pelo menos, ganham dinheiro para se prestar ao papel de objeto decorativo. As figuras, em cima dos carros alegóricos, dançavam felizes, músicas do tipo "eu era feio, agora tenho carro" - deu pra sentir o drama fonográfico? (ou seria pornográfico?) - dando total legitimidade a ideologia patética dessas porcarias que muitos insistem em chamar de "música".

E no fim do carnaval, o que se viu foi o retrato do que se passou: sujeira e fedor.
Como bem diria o Fred 04 do Mundo Livre S/A, na música "Carnaval Inesquecível na Cidade Alta":

500 mil pessoas sem fazer nada, pulando no meio da rua
Gozando do próprio sofrimento
Centenas de milhares de idiotas
Que trabalham o ano inteiro
Pra gastar todo dinheiro nesses quatro dias...
Nesses quatro dias de folia programada

...

Que animação
Levaram tudo deixando apenas a nostalgia do amor próprio
A picardia
Suprema lição, ruidosa folia, retumbante solidão.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Fernando Pessoa 13-12-1933

Amo o que vejo porque deixarei
Qualquer dia de o ver.
Amo-o também porque é.
No plácido intervalo em que me sinto,
por amar, mais que ser,
Amo o haver tudo e a mim.
Melhor me não dariam, se voltassem,
Os primitivos deuses,
que, também, nada sabem.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

curiosos do "olha a desgraça"

Sempre que acontece algum fato que foge ao corriqueiro, seja ele um acidente de trânsito ou uma ação policial, ele atrai pessoas, curiosas. Melhor exemplo de como as pessoas gostam de ser espectadores desses fatos, é o apelo midiático em torno deles.

Cresci ouvindo que as pessoas gostam de ver o fatídico, algumas de fato gostam de exercitar seu sadismo, mas creio que a maioria apenas é atraída pelo "anormal", pelo que nem todos os dias pode ver. Exceto a aglomeração de pessoas, a espetacularização da mídia, o trânsito lento, comentários maldosos e equivocados, entre outros, não vejo tanto mal assim nisso.

Pra mim o único mal disso, é a normalização do fatídico, as pessoas se acostumarem com tragédias, e não refletirem sobre suas causas e suas soluções.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o meu amor

Talvez eu seja doente, mas tenho total noção que toda relação chega ao fim. Seja ela amorosa, de trabalho, uma amizade longa, ou o que quer que seja.

Assim como minhas relações amorosas, sei que um dia deixarei de trabalhar na escola que hoje atuo como amigo, educador, orientador. E isso me causa muita dor.

Pensar que um dia deixarei de conviver com aquelas pessoas maravilhosas, cada um com suas especificidades, que curam todas minhas doenças, vícios, amarguras e mazelas, me aperta o coração. Poucas vezes na vida, constatei que de fato, amo.

Não consigo imaginar um dia da semana sem ver aqueles sorrisos, aquela felicidade ao me ver, aquele aperto de mão firme, aquele abraço materializado na junção do meu corpo com o corpo de uma criança, que na teoria, deveria aprender comigo, mas que na realidade, cada dia que passa, me ensina mais e mais.

Me ensinam a ser mais humano, afetuoso, feliz. Me ensinam que o amor puro, de fato, existe, e que ele faz parte de mim. Eles hoje, são tudo pra mim. Nunca pensei que um dia isso fosse acontecer, mas o lugar onde hoje me sinto melhor, mais feliz, em paz comigo mesmo, é no meu trabalho.

Descobri meu lugar no mundo, descobri minha faceta humana, como educador.

a morte 2

Ultimamente tem morrido muita gente, e isso vem me causando uma certa aflição.

Me pego pensando sobre o assunto em demasia, até em detalhes bobos, como por exemplo, se a morte tem cara, como dizem por aí. Dia desses, no trânsito, levei uma fechada, e ao olhar para o banco do passageiro, tive a impressão de ter visto algo, seria a morte a carona? Nada, apenas viagem, fruto de pensamentos excessivos.

Reitero, meu medo da morte é apenas um: o de ir embora sem dizer à minha mãe, ao meu pai, meus entes queridos, amigos e amigas semi irmãos e meus alunos, cada um deles, que tanto amo, da dimensão do meu amor por eles.

O único lado positivo desses fatídicos, na minha perspectiva, é de valorizar tanto a minha vida, quanto as pessoas que tenho por perto. No mais serei mais cuidadoso no trânsito.

p.s.: chega desse assunto, né?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quando eu morri

Quando eu morri em dezembro
De mil novecentos e setenta e dois
Esperava ressuscitar e juntar os pedaços
Da minha cabeça um tempo depois

Um psiquiatra disse
Que eu forçasse a barra
E me esforçasse pra voltar à vida
E eu parei de tomar ácido licérgico
E fiquei quieto
Lambendo minha própria ferida

Sem saber se era crime ou castigo
E se havia outro cordão no meu umbigo
Pra de novo arrebentar
Pois eu fui puxado à ferro
Arrancado do útero materno
E apanhei pra poder chorar

Quando eu morri suando frio
Vi Jimmy Hendrix tocando nuvens distorcidas
Eu nem consegui falar

E depois por um momento
O céu virou fragmento do inferno
Em que eu tive de entrar

Eu sentia tanto medo, só queria dormir cedo
Pra noite passar depressa
E não poder me agarrar

Noites de garras de aço
Me cortavam em mil pedaços
E no outro dia eu tinha de me remendar

E se a vida pede a morte
Talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui
E a cada beijo do desejo
Eu me entorpeço e me esqueço
De tudo que eu ainda não entendi

Marcelo Nova

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ronaldo

A ficha ainda não caiu que o Ronaldo vai parar oficialmente de jogar futebol amanhã, dia 14 de Fevereiro de 2011.

Desde pequeno, logo, desde que acompanho futebol, acompanhei a carreira do cara, exceto os tempos de Cruzeiro e PSV. Aquela temporada no Barça marcou. Vi também ele estourar os dois joelhos, e todos decretarem que ele estava acabado. Sempre acreditei em sua volta, e ainda afirmei que 2002 daria Brasil com ele e Rivaldo. Não deu outra, ele deu a volta por cima.

O brasileiro valoriza muito esse espírito resiliente, e eu não sou diferente. É fantástico ver um sujeito surpreender uma multidão que o julgava acabado. E foi o que ele fez, surpreendeu a todos ao dar a volta por cima. Após jogar no Real Madrid(Argh1) e no Milan (Argh2), aconteceu algo que também demorou a cair a ficha.

Dia 17 de Dezembro de 2008 ele assinou com meu time do coração, o Corinthians. A ficha demorou a cair, como agora. Foi lindo ver ele fazendo gols, alguns épicos, como o gol de cobertura contra o Santos, com a camisa do Corinthians. Isso já valeu.

Valeu Ronaldo!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pais injustiçados

Quando eu era menino, criticava demais o meu pai, muitas vezes movido pela raiva.
Entrávamos em discórdia facilmente, e com certa constância, talvez pelo fato de, desde cedo, eu apresentar uma personalidade forte, como ele.

Hoje em dia, vejo muito dele projetado em mim, suas virtudes, e seus defeitos, e percebo que se sou o que sou - e pretendo melhorar ainda mais - é devido, entre outras pessoas, a ele.

Um dos motivos que me leva a não querer ter filhos é esse: de modo geral, os pais amam seus filhos, e querem e lutam pelo melhor pra eles, mas muitas vezes, isso não é reconhecido, talvez pela imaturidade.

Escrevi esse texto apenas para o meu pai, sem incluir minha mãe, pois sempre reconheci que ela é minha rainha, enquanto meu pai, só reconheço sua majestade agora.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

a morte

Hoje fiquei sabendo da morte de uma jovem colega de curso. Curiosamente, há poucos dias, à noite, antes de dormir eu refletia sobre a morte. Inevitavelmente, quando chegamos à conclusão de que, a única certeza sobre o assunto, é de que vamos, de fato, morrer, a angustia toma conta de nós.

A morte não escolhe dia, hora ou lugar. Também não espera estação do ano, nem que o sujeito se despeça de suas pessoas amadas. Também não nos permite que escolhamos como nossa fagulha será apagada, muito menos se poderemos usar nossa roupa favorita na hora do óbito.

Nossa fragilidade, aliada a um pouco de falta de sorte, é a fórmula perfeita para uma fatalidade, fatalidade essa, que vem sem avisar.

Em tempo: descanse em paz Minéia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

deputado tiririca

Curiosa a repercussão que a velha mídia vem dando às notícias vinculadas ao deputado eleito, Tiririca. Podem argumentar de que isso seja devido ao fato do deputado eleito ser uma figura bizarra da televisão, ou que não é alfabetizado. Será só isso? O fato de ser negro e nordestino será que não contribui? Vale lembrar que a velha mídia brasileira é extremamente reacionária, preconceituosa e elitista.

Lembremos que o que não falta em nossa câmara dos deputados são palhaços, figuras tão bizarras quanto. Lembremos também, que a candidatura do sujeito foi legível nas urnas, só depois que passaram a questionar, talvez devido à quantidade de votos que "comediante" apontava nas pesquisas, e acabou por conseguir.

Espero que ele queime minha língua (sim eu também duvido de sua capacidade para gerir a máquina pública), a da mídia e de boa parte dos brasileiros. Tem sujeitos muito piores lá dentro, que ninguém nem comenta, ou não lembra da existência. Agora eleito, é torcer por uma surpresa positiva.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

ah, a educação... pt. 3

Hoje as aulas reiniciaram... mas esperem, antes quero voltar um pouco no tempo.

Há meses atrás, quando entrei na escola, encarei aquilo apenas como uma experiência profissional, um incremento pro meu currículo. Os tempos foram se passando, e o inevitável foi acontecendo: fui me apaixonando cada dia mais pelos meus alunos, mesmo aqueles que eu sentia que me olhavam ressabiados, mesmo aquele que, por impulso foi mal educado comigo, e por orgulho se negou a pedir desculpas e até hoje não fala comigo. Com a mesma idade, eu era ainda mais impulsivo com atitudes e palavras, e muito mais orgulhoso. Teria eu, o direito de condena-lo? Não. Por me identificar com esse momento que esse jovem passa, amo-o ainda mais.

O fim do ano foi chegando, boa parte dos alunos passou por média, e um vazio tomou conta de mim. Me entristecia muito ver a escola quase vazia. Depois acabou a recuperação, e o vazio aumentou ainda mais. Uma escola sem seus alunos, é um corpo sem alma. Chegaram as férias, deu pra descansar, estudar, mas o tempo foi passando e a saudade daquelas figuras foi aumentando, a tal ponto, que eu contava os dias para as aulas recomeçarem.

E o grande dia chegou! Pouco a pouco eles foram chegando, e a expressão de felicidade com satisfação em seus rostos ao meu ver, já me fez ganhar o dia. Mas calma, não seria tudo. Ao apresentar a equipe da escola para os alunos, ao chegar no meu nome, eles misturaram vibrações, com aplausos, e aquilo tudo me fez a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.
Trabalhar na educação é isso: ralar, suar, por vezes até se estressar mas, saber que seremos recompensados com pequenas atitudes como essas, que nem passa pela cabeça deles, o quanto nos faz feliz.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

num mundo perfeito...

Acho que todas as pessoas que habitam esse planeta miserável, já levantaram hipóteses de como seria um mundo perfeito. Eu não fui diferente, e constantemente me indago sobre o paradigma de perfeição se tratando de mundo.

Num mundo perfeito países não possuiriam fronteiras, o que possibilitaria o trânsito livre das pessoas, e isso não seria um problema, porque também não existiria preconceito racial, pois todos entenderiam que raça, há apenas uma, a humana. Os interesses de uma minoria não condenaria à miséria a maioria. Futilidade, mesquinhez, egoísmo e a falsidade não seriam características comuns do ser humano. A tolerância e o respeito seriam soberanos.

Num mundo perfeito não existiriam indústrias bélicas, também não existiriam guerras, muito menos religiosas, até porque religiões opressoras também não existiriam. As tecnologias de informação e comunicação serviriam, de fato, para aproximar as pessoas, e não individualiza-las, afastando-as assim. A mídia seria um aparelho democrático, que teria sua função genuína de informar, e também conscientizar, e não manipular e alienar. Num mundo perfeito não existiria o crack, nem a cocaína, nem a heroína.

Num mundo perfeito, as condições para se alcançar a felicidade seriam simples como visualizar uma estrela no céu. Num mundo perfeito, ninguém morreria sem antes dizer às pessoas amadas, o seu real valor em vida para ela.

Bem, foi isso o que eu consegui transcrever. Há muito mais que se perdeu em meus pensamentos confusos...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Poesia de Fernando Pessoa

Não sei se já reproduzi por aqui, mas caso não tenha, não poderia faltar. Caso já o tenha feito, não será demais fazê-lo novamente. Trata-se de uns versos de Fernando Pessoa que marcaram minha adolescência, e até hoje tem uma representação forte dentro de mim.

Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.



PESSOA, Fernando - 1/11/1930

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

luxo e lixo

Quando nos acostumamos com a fortuna e o luxo que representa a presença de uma determinada pessoa em nossas vidas, não imaginamos a miséria que é, viver sem ela.
E o pior de tudo, é quando de fato, nos vemos na rua da amargura, vivendo de esmolas.

Sinfonia da destruição

"You take a mortal man,
And put him in control
Watch him become a god,
Watch peoples heads a'roll
A'roll..."


Dave Mustaine

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Ah, a natureza...

Vejo com estranheza o fato de que o homem moderno está cada vez mais tecnológico, e cada vez menos "natural", na perspectiva de, cada vez mais ele estar próximo às máquinas, e cada vez mais distante da natureza e das relações inter pessoais. Como diria um hippie que conheci há uns anos: "as pessoas não olham mais pro céu, só querem saber de tecnologia", e eu concordo. Tentando romper com esse paradigma, e pelo fato de já ter operado um joelho e ter decidido abandonar esportes de contato, há um tempo atrás decidi aprender a surfar.

Logo após almoçar, meu xegado passou em minha casa para me buscar, e ao chegarmos em sua rua para seguirmos o caminho a pé, mais dois amigos se juntaram a nós. Após alguns breves minutos de caminhada, piadas e causos, ficamos ao pé da mata e entramos. Como de praxe, nos deparamos com o lixo de campanha, do lixo de deputado fábio faria, mas logo em seguida, vimos a mata mais verde que o normal, devido às chuvas de verão. Passados alguns vinte minutos de trilha, saímos ao pé de um morro e fizemos uma pausa para relaxar, contemplando a mata ao sul, e o mar ao norte. Esplêndido.

Descemos o morro, atravessamos a via costeira, e já estávamos diante do menino arredio, o nosso irmão mar. Ao redor, só hotéis para turistas, turistas estes que aproveitam mais deste paraíso do que os nativos da terra. A água estava morna e movimentada, e o esporte rolou acima do esperado. Saímos esgotados, subimos o morro e fizemos mais uma pausa para relaxar e contar piadas. Encerrado o momento, adentramos na mata e conversamos sobre o fracasso que é o sistema carcerário brasileiro, visto que falha miseravelmente no seu papel de reinserção social.

Finalizamos a trilha quando a lua já aparecia por detrás das folhas de bananeira.
Ah, a natureza.