sexta-feira, 11 de novembro de 2011

"gente de bem não teme a polícia"

Hoje cedo, e mais algumas vezes anteriormente, me deparei com esse papo. Me desculpem mas, nada mais CRETINO, PREPOTENTE, INGÊNUO, e dotado de uma obediência CEGA é esse discurso pré fabricado de que "gente de bem não teme a polícia". Presumo que quem repete esse mantra conservador nunca participou de um movimento social (me corrijam se eu estiver errado).

Por esse discurso subentendo que os manifestantes que ocupam a Wall Street para protestar, por perceberem que são massacrados pelo sistema financeiro são más pessoas (visto que entraram em conflito com a polícia, resultando inclusive, na prisão de CRIANÇAS). Subentendo também, que os professores do Estado de SP, que foram recebidos pela PM, do então Governador José Serra, com balas de borracha e bombas de gás, também são más pessoas, e a mesma lógica se aplica ao manifestantes do #ForaMicarla, que viveram vários momentos de apreensão, com eminentes possibilidades de invasão da PM para desocupar a CMN, que foi ocupada para reivindicar uma CEI dos contratos da Prefeitura fraudulenta. Dei só esses exemplos, mas poderia dar vários outros, como por exemplo os manifestos contra aumento de passagem de ônibus, que apesar de atropelarem a população, são duramente reprimidos pela polícia.

Acredito que, se esse tipo de gente que se presta ao papel de papagaio de Estado fascista já tivesse participado de um movimento social, que questionasse a ordem, e visse na PM, uma adversária da liberdade de expressão, inimiga de reivindicações legítimas, talvez essas pessoas pensassem diferente.

Em tempo: não quero aqui endemonizar a polícia, só quero expor meu pensamento contrário a uma generalização burra. A polícia é um braço (repressor) do Estado, logo, age de acordo com seus interesses, que em muitos casos, não representam o interesse do povo.

2 comentários:

Maria Izabel disse...

Concordo com tudo que tá escrito aí. Parabéns pelo texto!

Theodoro disse...

Segundo o próprio Locke, pai da democracia liberal (não da forma que nós conhecemos, mas como teoria para a instauração da democracia), 'toda vez que os legisladores tentam subtrair a propriedade do povo, ou torná-lo escravo de um poder arbitrário, se colocam em estado de gerra com o próprio povo, que assim é desobrigado de qualquer ulterior obediência', ou seja, existe um direito de rebelião por parte do povo. A partir disso, vemos claramente a inversão de valores, onde o próprio povo defende cegamente um discurso criado para expropriar esse direito dele mesmo, discurso plantado no imaginário social via técnicas de lavagem cerebral massificadas sutilmente pela educação institucionalizada e meios de comunicação. Parabéns pelo artigo e pela iniciativa em tocar no assunto.