sábado, 26 de fevereiro de 2011

curiosos do "olha a desgraça"

Sempre que acontece algum fato que foge ao corriqueiro, seja ele um acidente de trânsito ou uma ação policial, ele atrai pessoas, curiosas. Melhor exemplo de como as pessoas gostam de ser espectadores desses fatos, é o apelo midiático em torno deles.

Cresci ouvindo que as pessoas gostam de ver o fatídico, algumas de fato gostam de exercitar seu sadismo, mas creio que a maioria apenas é atraída pelo "anormal", pelo que nem todos os dias pode ver. Exceto a aglomeração de pessoas, a espetacularização da mídia, o trânsito lento, comentários maldosos e equivocados, entre outros, não vejo tanto mal assim nisso.

Pra mim o único mal disso, é a normalização do fatídico, as pessoas se acostumarem com tragédias, e não refletirem sobre suas causas e suas soluções.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

o meu amor

Talvez eu seja doente, mas tenho total noção que toda relação chega ao fim. Seja ela amorosa, de trabalho, uma amizade longa, ou o que quer que seja.

Assim como minhas relações amorosas, sei que um dia deixarei de trabalhar na escola que hoje atuo como amigo, educador, orientador. E isso me causa muita dor.

Pensar que um dia deixarei de conviver com aquelas pessoas maravilhosas, cada um com suas especificidades, que curam todas minhas doenças, vícios, amarguras e mazelas, me aperta o coração. Poucas vezes na vida, constatei que de fato, amo.

Não consigo imaginar um dia da semana sem ver aqueles sorrisos, aquela felicidade ao me ver, aquele aperto de mão firme, aquele abraço materializado na junção do meu corpo com o corpo de uma criança, que na teoria, deveria aprender comigo, mas que na realidade, cada dia que passa, me ensina mais e mais.

Me ensinam a ser mais humano, afetuoso, feliz. Me ensinam que o amor puro, de fato, existe, e que ele faz parte de mim. Eles hoje, são tudo pra mim. Nunca pensei que um dia isso fosse acontecer, mas o lugar onde hoje me sinto melhor, mais feliz, em paz comigo mesmo, é no meu trabalho.

Descobri meu lugar no mundo, descobri minha faceta humana, como educador.

a morte 2

Ultimamente tem morrido muita gente, e isso vem me causando uma certa aflição.

Me pego pensando sobre o assunto em demasia, até em detalhes bobos, como por exemplo, se a morte tem cara, como dizem por aí. Dia desses, no trânsito, levei uma fechada, e ao olhar para o banco do passageiro, tive a impressão de ter visto algo, seria a morte a carona? Nada, apenas viagem, fruto de pensamentos excessivos.

Reitero, meu medo da morte é apenas um: o de ir embora sem dizer à minha mãe, ao meu pai, meus entes queridos, amigos e amigas semi irmãos e meus alunos, cada um deles, que tanto amo, da dimensão do meu amor por eles.

O único lado positivo desses fatídicos, na minha perspectiva, é de valorizar tanto a minha vida, quanto as pessoas que tenho por perto. No mais serei mais cuidadoso no trânsito.

p.s.: chega desse assunto, né?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Quando eu morri

Quando eu morri em dezembro
De mil novecentos e setenta e dois
Esperava ressuscitar e juntar os pedaços
Da minha cabeça um tempo depois

Um psiquiatra disse
Que eu forçasse a barra
E me esforçasse pra voltar à vida
E eu parei de tomar ácido licérgico
E fiquei quieto
Lambendo minha própria ferida

Sem saber se era crime ou castigo
E se havia outro cordão no meu umbigo
Pra de novo arrebentar
Pois eu fui puxado à ferro
Arrancado do útero materno
E apanhei pra poder chorar

Quando eu morri suando frio
Vi Jimmy Hendrix tocando nuvens distorcidas
Eu nem consegui falar

E depois por um momento
O céu virou fragmento do inferno
Em que eu tive de entrar

Eu sentia tanto medo, só queria dormir cedo
Pra noite passar depressa
E não poder me agarrar

Noites de garras de aço
Me cortavam em mil pedaços
E no outro dia eu tinha de me remendar

E se a vida pede a morte
Talvez seja muita sorte eu ainda estar aqui
E a cada beijo do desejo
Eu me entorpeço e me esqueço
De tudo que eu ainda não entendi

Marcelo Nova

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ronaldo

A ficha ainda não caiu que o Ronaldo vai parar oficialmente de jogar futebol amanhã, dia 14 de Fevereiro de 2011.

Desde pequeno, logo, desde que acompanho futebol, acompanhei a carreira do cara, exceto os tempos de Cruzeiro e PSV. Aquela temporada no Barça marcou. Vi também ele estourar os dois joelhos, e todos decretarem que ele estava acabado. Sempre acreditei em sua volta, e ainda afirmei que 2002 daria Brasil com ele e Rivaldo. Não deu outra, ele deu a volta por cima.

O brasileiro valoriza muito esse espírito resiliente, e eu não sou diferente. É fantástico ver um sujeito surpreender uma multidão que o julgava acabado. E foi o que ele fez, surpreendeu a todos ao dar a volta por cima. Após jogar no Real Madrid(Argh1) e no Milan (Argh2), aconteceu algo que também demorou a cair a ficha.

Dia 17 de Dezembro de 2008 ele assinou com meu time do coração, o Corinthians. A ficha demorou a cair, como agora. Foi lindo ver ele fazendo gols, alguns épicos, como o gol de cobertura contra o Santos, com a camisa do Corinthians. Isso já valeu.

Valeu Ronaldo!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pais injustiçados

Quando eu era menino, criticava demais o meu pai, muitas vezes movido pela raiva.
Entrávamos em discórdia facilmente, e com certa constância, talvez pelo fato de, desde cedo, eu apresentar uma personalidade forte, como ele.

Hoje em dia, vejo muito dele projetado em mim, suas virtudes, e seus defeitos, e percebo que se sou o que sou - e pretendo melhorar ainda mais - é devido, entre outras pessoas, a ele.

Um dos motivos que me leva a não querer ter filhos é esse: de modo geral, os pais amam seus filhos, e querem e lutam pelo melhor pra eles, mas muitas vezes, isso não é reconhecido, talvez pela imaturidade.

Escrevi esse texto apenas para o meu pai, sem incluir minha mãe, pois sempre reconheci que ela é minha rainha, enquanto meu pai, só reconheço sua majestade agora.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

a morte

Hoje fiquei sabendo da morte de uma jovem colega de curso. Curiosamente, há poucos dias, à noite, antes de dormir eu refletia sobre a morte. Inevitavelmente, quando chegamos à conclusão de que, a única certeza sobre o assunto, é de que vamos, de fato, morrer, a angustia toma conta de nós.

A morte não escolhe dia, hora ou lugar. Também não espera estação do ano, nem que o sujeito se despeça de suas pessoas amadas. Também não nos permite que escolhamos como nossa fagulha será apagada, muito menos se poderemos usar nossa roupa favorita na hora do óbito.

Nossa fragilidade, aliada a um pouco de falta de sorte, é a fórmula perfeita para uma fatalidade, fatalidade essa, que vem sem avisar.

Em tempo: descanse em paz Minéia.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

deputado tiririca

Curiosa a repercussão que a velha mídia vem dando às notícias vinculadas ao deputado eleito, Tiririca. Podem argumentar de que isso seja devido ao fato do deputado eleito ser uma figura bizarra da televisão, ou que não é alfabetizado. Será só isso? O fato de ser negro e nordestino será que não contribui? Vale lembrar que a velha mídia brasileira é extremamente reacionária, preconceituosa e elitista.

Lembremos que o que não falta em nossa câmara dos deputados são palhaços, figuras tão bizarras quanto. Lembremos também, que a candidatura do sujeito foi legível nas urnas, só depois que passaram a questionar, talvez devido à quantidade de votos que "comediante" apontava nas pesquisas, e acabou por conseguir.

Espero que ele queime minha língua (sim eu também duvido de sua capacidade para gerir a máquina pública), a da mídia e de boa parte dos brasileiros. Tem sujeitos muito piores lá dentro, que ninguém nem comenta, ou não lembra da existência. Agora eleito, é torcer por uma surpresa positiva.