sábado, 19 de março de 2011

intolerância, preconceito e afins....

Hoje, eu, dois primos e o ex-cunhado de um deles fomos à praia para surfar.
Saí da água após tomar um caldo violento (novidade nenhuma) e me deparei com meu primo a conversar com um estranho. Me aproximei e vi que se tratar de um argentino mochileiro, barbudo, com aspecto de cansado e um pouco abaixo do peso.
Meu outro primo e seu ex-cunhado saíram da água e colocaram uns olhos pouco amigáveis pro cara, e perguntaram asperamente quem ele era, e pra onde ia. Já comecei a não gostar. Eles voltaram pra água, e eu e meu outro primo começamos a conversar com ele.
Entre outras coisas descobri que ele mora na Espanha, mas é de Buenos Aires, vive de viajar pelo mundo (conhece mais o Brasil do que eu) e que provavelmente eu gostarei mais de conhecer a Patagônia do que a capital argentina.
Fui para a água e perguntei se podiam dar carona pro cara, e ouvi de cara um não. Continuei a não gostar, mas o carro não era o meu, tive que engolir.
Decidimos ir embora, fui falar com o cara, e em momento algum ele pediu nada, eu que perguntei se ele precisava de algo, carona (eu me propus a voltar para busca-lo), comida ou dinheiro. Ele disse que estava tudo bem, então me juntei as demais e fomos para o carro. No caminho, começou uma forte discussão, pela forma como os dois olharam para o cara, e o trataram.
A discussão se prolongou, começamos a nos tratar de forma pouco educada e por pouco não partimos para a agressão. O ex-cunhado do meu primo, que disse ter mudado muito após começar a ler a bíblia, era o mais revoltado com o fato de eu ter ficado com raiva pela carona negada.
Decidi voltar da via costeira a pé, uma bela caminhada para esfriar a cabeça, mas antes tive que escutar do meu primo que estava ao meu lado na discussão dizer: "que merda, tinha que ser um argentino filho da puta pra causar essa discórdia entre nós".
Não, não foi culpa do argentino, e sim da intolerância, do preconceito e afins...

Me entristeço com essa tendência cada vez mais forte, das pessoas verem umas nas outras, uma ameaça em potencial, ou inimigos em potencial. Essa tendência fará com que cada vez socializemos menos, nos relacionemos menos. O nosso mundo é vil, é verdade, mas não podemos ser tão radicais, caso contrário, voltaremos às cavernas.

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