"Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais
tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à
educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever
irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa
de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento
importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo
que vem de fora da atividade docente, mas algo que dela faz parte. O
combate em favor da dignidade da prática docente é tão parte dela mesma
quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade
do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser. Um dos piores males que
o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, historicamente, desde que
a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o
risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública,
existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico
que leva ao cruzamento dos braços. "Não há o que fazer" é o discurso
acomodado que não podemos aceitar."
- Paulo Freire. Do Livro Pedagogia da Autonomia, lançado em 1997, três semanas antes de seu falecimento.
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