segunda-feira, 11 de junho de 2012

vem em mim Dodge Ram

Dia desses, ouvindo rádio, tocou uma "música" de um tal de Gustavo Lima e, de tão grotesca (como todas dessa leva "musical") fiquei na dúvida se era uma zoação, ou uma peça publicitária de muito mal gosto.
Ontem voltei a ouvi-la na rádio, por mais de uma vez. E ouvindo-a à exaustão, podemos aprender várias coisas...

Vem Em Mim Dodge Ram
Gusttavo Lima


O título da música já deixa explícito que se trata de mais um culto ao deus-carro, que obrigatoriamente tem que ser grande e imponente. Só me pergunto se esses caras ganham $ das montadoras ou se trata apenas de imbecilidade e propaganda gratuita.


[...]

Já não faz muito tempo, 
Que eu andava a pé, 
não pegava nem gripe 
muito menos mulher

Traduzindo: para pegar mulher, precisamos do deus-carro. Mulheres são todas "Maria Gasolina".

[...]

Quem não tem dinheiro é primo primeiro de um cachorro 
O trem era tão feio que nem sobrava osso pra mim 
Agora eu to mudado
O meu bolso tá cheio 
Mulherada atrás 
Eu quero ouvir cada vez mais

[...] 
Quem não tem dinheiro (o pobre) é primo primeiro de um cachorro. Interessante essa mensagem sendo difundida via rádio, não? Deve ser gostosa a sensação de ser humilde, e escutar por um dos seus principais meios de comunicação que sua condição socioeconômica o iguala a um cão.
Depois, novamente a idéia de que, com dinheiro, você terá mulheres. Afinal, com dinheiro temos todo tipo de mercadoria, não é mesmo? Que lástima!

Depois disso, é só refrão, para legitimar o quão inócua é essa "música":
Vem em mim Dodge RAM
 Focker duzentos e oitenta, 
a mulherada louca 
Israel Novaes arrebenta!

Porra é isso?

Lembrando só que esse carro é absurdamente imenso, quase um caminhão. Virou quase uma competição entre esse tipo de sujeito, para ver quem ocupa mais espaço nas ruas. E depois essa mesma galera diz que esse tipo de música é "só para dançar", ou "só para tirar onda". Vai vendo...
Se esse pensamento expresso na música, profundo como uma poça de cuspe não fosse tão reproduzido, eu poderia até levar na esportiva, como não, acho que precisamos ficar atento ao que é difundido pelos meios de comunicação, e reproduzido por seus consumidores passivos.
No meu entendimento, só acho que antes de levantarem bandeiras de censura, precisamos urgentemente repensar que modelo de sociedade e de escola que nós temos, que forma, quase que em série, ávidos consumidores dessa dita "cultura".


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